Autor de uma obra bastante completa, hoje destacamos parte do conjunto de obras chamada "O labirinto mágico", na qual o autor busca retratar a Guerra Civil Espanhola e o posterior início da II Guerra Mundial.
"Campo Francês" foi escrito como um argumento cinematográfico e é repleto de imagens, fotografias e gravuras – que integram o enredo da obra, o que pode proporcionar (ao leitor acostumado com as formas mais tradicionais de narrativa e de edição gráfica) uma nova experiência de leitura.
O enredo de Campo Francês cobre os acontecimentos históricos do final da guerra civil espanhola, mais especificamente o que ficou conhecido na historiografia como o momento da retirada da Catalunha, quando meio milhão de espanhóis cruza a pé os Pirenéus em direcção a França, entre o final de Janeiro e início de Fevereiro de 1939. O enredo termina em Outubro de 1940, já, portanto, com a II Guerra Mundial (cenário estruturador do enredo) e quando já está estabelecida a França de Vichy e suas leis anti semitas.
A história tem o seu núcleo principal em torno de três personagens: dois irmãos espanhóis e a esposa de um deles. Trata da vida familiar das personagens: o casal está estabelecido na França com uma vida pequeno burguesa, enquanto o outro irmão tinha ido lutar na Espanha no meio das brigadas internacionais. Por engano, a polícia recebe uma denúncia e prende o que é casado e que está estabelecido em França. Esta personagem, então, passa todo o tempo a acreditar na possibilidade de ser libertado.
É a situação pela qual passam grande parte dos espanhóis e antifascistas que estavam em França naquele momento. Há uma expedição policial que vai recolher vários estrangeiros já fichados. Eles serão colocados no estádio de Roland-Garros, num primeiro momento, para uma triagem, e depois vão para o campo de Vernet.
Esta trajectória é também do autor. Max Aub também saiu a pé pelos Pirenéus até Paris e acabou por ser denunciado e fazer todo esse percurso que o personagem principal do livro faz. A mulher deste personagem procura libertá-lo quando ele está no campo de Vernet. Mas, no momento da fuga, ele é morto. Disto trata o romance: como aquela consciência pequeno-burguesa é incapaz de compreender o cenário internacional que está em jogo. Não compreendem porque estão ali e, portanto, não podem compreender o que está acontecer.
"O labirinto mágico" é um grande projecto que Max Aub concebeu para tratar da guerra e das suas consequências. É composto por seis romances e cerca de quarenta contos. A série de romances, dos quais publicados em Portugal se encontra só Campo Fechado, editado pela Campo das Letras, em 2004 e de que falarei mais à frente noutro post. Existem também dispersos e publicados em línguas diferentes, Campo Aberto, Campo de Sangue, Campo del Moro, Campo Francês (de que falamos agora) e Campo de los Amendros - este último trata também do final da guerra.
É importante marcar que, apesar de fazer toda a história da guerra, esta não é uma história linear. Para cada romance ele escolhe alguns episódios que trabalha em modos diferentes da narrativa contemporânea. A história é sempre contada de um modo fragmentário, dialogado e nunca com um narrador de terceira pessoa.
"Campo Francês" foi escrito como um argumento cinematográfico e é repleto de imagens, fotografias e gravuras – que integram o enredo da obra, o que pode proporcionar (ao leitor acostumado com as formas mais tradicionais de narrativa e de edição gráfica) uma nova experiência de leitura.
O enredo de Campo Francês cobre os acontecimentos históricos do final da guerra civil espanhola, mais especificamente o que ficou conhecido na historiografia como o momento da retirada da Catalunha, quando meio milhão de espanhóis cruza a pé os Pirenéus em direcção a França, entre o final de Janeiro e início de Fevereiro de 1939. O enredo termina em Outubro de 1940, já, portanto, com a II Guerra Mundial (cenário estruturador do enredo) e quando já está estabelecida a França de Vichy e suas leis anti semitas.
A história tem o seu núcleo principal em torno de três personagens: dois irmãos espanhóis e a esposa de um deles. Trata da vida familiar das personagens: o casal está estabelecido na França com uma vida pequeno burguesa, enquanto o outro irmão tinha ido lutar na Espanha no meio das brigadas internacionais. Por engano, a polícia recebe uma denúncia e prende o que é casado e que está estabelecido em França. Esta personagem, então, passa todo o tempo a acreditar na possibilidade de ser libertado.
É a situação pela qual passam grande parte dos espanhóis e antifascistas que estavam em França naquele momento. Há uma expedição policial que vai recolher vários estrangeiros já fichados. Eles serão colocados no estádio de Roland-Garros, num primeiro momento, para uma triagem, e depois vão para o campo de Vernet.
Esta trajectória é também do autor. Max Aub também saiu a pé pelos Pirenéus até Paris e acabou por ser denunciado e fazer todo esse percurso que o personagem principal do livro faz. A mulher deste personagem procura libertá-lo quando ele está no campo de Vernet. Mas, no momento da fuga, ele é morto. Disto trata o romance: como aquela consciência pequeno-burguesa é incapaz de compreender o cenário internacional que está em jogo. Não compreendem porque estão ali e, portanto, não podem compreender o que está acontecer.
"O labirinto mágico" é um grande projecto que Max Aub concebeu para tratar da guerra e das suas consequências. É composto por seis romances e cerca de quarenta contos. A série de romances, dos quais publicados em Portugal se encontra só Campo Fechado, editado pela Campo das Letras, em 2004 e de que falarei mais à frente noutro post. Existem também dispersos e publicados em línguas diferentes, Campo Aberto, Campo de Sangue, Campo del Moro, Campo Francês (de que falamos agora) e Campo de los Amendros - este último trata também do final da guerra.
É importante marcar que, apesar de fazer toda a história da guerra, esta não é uma história linear. Para cada romance ele escolhe alguns episódios que trabalha em modos diferentes da narrativa contemporânea. A história é sempre contada de um modo fragmentário, dialogado e nunca com um narrador de terceira pessoa.
Sem comentários:
Enviar um comentário