quinta-feira, 5 de julho de 2012

Continuamos à procura do melhor remédio... este será o prémio



Revelamos então o Prémio para o nosso passatempo. o livro PESTE BUBÓNICA, de Ricardo Jorge, editado pela Deriva.

- Que livro recomendam como posologia para cada doença?
Indiquem exactamente uma doença que exista ou que seja inventada e a sua respectiva cura através de um livro específico. Os mais criativos serão aviados pelos livreiros/farmacêuticos desta casa com um medicamento à altura. As respostas devem ser enviadas para: clubedeleitores @ blogclubedeleitores.com
Ah! E não se esqueçam de que, para participar, têm que Gostar! na página de Facebook do Clube de Leitores
Continuem a participar!


Já que o mote do tema é "Ler é o melhor remédio", nada melhor que pegar em saúde pública e falar sobre o Doutor Ricardo Jorge, professor de medicina, médico municipal e promotor da saúde pública na cidade e no país. Deixou-nos um legado de combate pela saúde que passou também pelos livros. Ricardo Jorge escreveu sempre num registo que ultrapassava a linguagem técnica e deixou descrições de análise sociológica e histórica da cidade destes tempos.

A Peste Bubónica no Porto é, na realidade, um relato simples, originalmente dirigido às autoridades públicas, mas muito elucidativo, sobre a natureza e a gravidade de um dos muitos problemas de saúde enfrentados pela cidade nesse momento da sua história. No livro em causa, o autor defronta a sua própria perplexidade inicial com o teor do problema que começa a descobrir e convida o leitor a acompanhar o seu percurso em torno do reconhecimento, trezentos anos depois, do insólito e sofrido regresso da peste. Documentando, depois de debater com colegas nacionais e estrangeiros, os aspectos clínicos, epidemiológicos, bacteriológicos e estatísticos da doença, o livro destaca-se pelo que poderíamos classificar como uma descrição densa dos casos de doença identificados, dos inicialmente surgidos na Fonte Taurina aos que se vão progressivamente declarando na parte superior da cidade, e pelo que revela do envolvimento vivido do autor com a cidade, num registo de escrita, como já demonstrara noutros dos seus trabalhos dedicados à cidade do Porto, com traços naturalistas.


[do prefácio de Virgílio Borges Pereira]:

"No dia 4 de Julho de 1899, era Ricardo Jorge alertado para uns estranhos falecimentos ocorridos na Rua da Fonte Taurina.  Apesar de aparentarem ter sido causados por “moléstias banais”, uma visita pessoal do médico ao local deixou nele a convicção de “estar em frente dum foco epidémico de moléstia singular e nova”. A obra A peste bubónica no Porto recolhe os relatórios médicos redigidos por Ricardo Jorge entre Julho e Agosto desse ano e destinados exclusivamente às autoridades civis. Eles são escritos enquanto grassa a epidemia na cidade, dando conta da impressão causada no imediato pela sucessão dos acontecimentos. O estilo realista das observações realizadas, o registo minucioso das vicissitudes provocadas pela propagação da peste, as anotações acerca das circunstâncias da vida e da morte de cada infectado, contribuem para formar  uma descrição percuciente do prosaísmo da existência das classes populares nessa época. Por detrás das observações clínicas, Ricardo Jorge realiza uma autópsia social da cidade laboriosa. A distribuição geográfica da morte é sensível à morfologia social do Porto. A prospecção de terreno sobre as condições da doença constitui uma sociografia da vida de todos os dias das classes populares, mostrando impressas em letra de forma a luz, o cheiro, o ruído das suas condições de habitações, de alimentação, de trabalho."

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