quarta-feira, 11 de julho de 2012

Campo Fechado de Max Aub - Série Labirinto Mágico


"Campo Fechado", é o romance que abre o ciclo de "O Labirinto Mágico", o mais barroco no seu estilo e linguagem, o mais mítico na construção de imagens, o mais caótico nos diálogos, no qual se encerra plasmado um "mundo transbordado". O dia 19 de Julho de 1936, dia do início da Guerra Civil em Barcelona, é publicado durante aqueles meses, justamente a tempo para que um amigo de Aub o leve consigo para o exílio mexicano.

Em 1940 Max Aub é denunciado como comunista – sem sê-lo – e a partir de então passa praticamente três anos em cárceres e campos de concentração franceses, Le Vernet d’Ariège e Djelfa, um terrível campo de trabalhos forçados no norte do Saara argelino. Em nenhum desses lugares, isentos do mais mínimo respeito humano, Max Aub deixará de escrever e de fazer anotações. Graças à ajuda de Gilberto Bosques, então cônsul do México na França, ele pôde finalmente embarcar para o México, onde chegou em Outubro de 1942 e onde viria a morrer em Julho de 1972.

"Campo Fechado" narra a vida de Rafael López Serrador, um jovem castelhano que chega a Barcelona no início da Guerra Civil. Aí encontra um ambiente de efervescência política e uma atmosfera de crispação e maldade bem diferente do ideal adolescente que o levara a abandonar a sua terra. Barcelona é, na altura, um oceano urbano e humano, onde é necessário lutar para sobreviver. Rafael contempla este cenário ruidoso e agressivo, ao mesmo tempo que tenta apaziguar as suas ideias e a sua raiva. Rafael é um ser perdido na imensidão e crueldade do mundo, um animal encurralado que responde cegamente à agressão.

A trama da história vai acabar precisamente no dia a seguir à sublevação militar. Depois de uma luta feroz nas ruas de Barcelona, protagonizada fundamentalmente pelas milícias, que acabam por aguentar sobre domínio republicano aquela cidade. Outra parte de Espanha cai no poder do exército revoltoso eclodindo assim a guerra.

Este clima tenso e as personagens que acabam por passar pelos acontecimentos, como que algo alheadas da realidade mas acabando sempre por se envolver e por estarem presentes um pouco por toda a obra de Max Aub, mesmo para além desta série.

O Epílogo do livro é composto por duas partes: "Noite" e "Morte", onde ele elenca os destinos de pouca sorte, na maioria dos casos, da vasta e rica rede de personagens. Como sempre em Aub, a distinção entre a realidade e a ficção sofre de uma linha ténue que ele próprio assume para quebrar. São casos de outras obras de referência como a biografia de um pintor que nunca existiu, ou a história por detrás das confissões dos "Crimes Exemplares".


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