segunda-feira, 2 de julho de 2012

1º Parágrafo: Sob o Olhar de Medeia


A pequena Marta viveu na grande casa de família como se estivesse em permanente exílio, como se do quarto de sua mãe a tivessem levado para longínquos quartos e não soubesse a razão e o tempo da mudança. Também a pequena alma de Marta, à força da crueldade mortal desses corredores e quartos, se exilava a pouco e pouco na Natureza viva. O testemunho dessa entrega, muito variado e longo, desde os cuidados dispensados aos pequenos coelhos nas luras, esfregando as mãos com funcho para que a mãe não os enjeitasse, até à contemplação imóvel de qualquer das árvores ou ervas é, em parte, este relato.


“Este é um romance desconcertante, que reclama do leitor uma espécie de despojamento compreensivo, uma aceitação sem preconceitos, das narrativas primordiais, como se o mundo pudesse voltar a ser concebido numa linguagem eminentemente simbólica e um saber trágico, próprio do mito, estivesse a ser descoberto pela primeira vez.”
António Guerreiro, Expresso 08-08-1998

Sem comentários:

Enviar um comentário