Amadis Dudu seguia sem convicção nenhuma pela estreita ruela que
representava o atalho mais longo para chegar à paragem do autocarro 975. Todos
os dias tinha de apresentar três bilhetes e meio, pois descia, com o autocarro
em andamento, antes da paragem; tacteou o bolso do colete para ver se ainda
tinha algum bilhete. Sim. Viu um pássaro empoleirado num monte de lixo, a bicar
em três latas de conserva vazias o que conseguia reproduzir o início dos
Barqueiros do Volga; parou, mas o pássaro deu uma fífia e, furioso, levantou
voo, resmungando, entre bico, umas obscenidades à pássaro. Amadis Dudu retomou
o caminho, cantando o resto da música; mas deu também uma fífia e começou a
praguejar.
* Tradução de Luísa Neto Jorge
* Na contracapa
da 2ª Edição francesa pode ler-se “Esta obra não trata, naturalmente, nem do
Outono, nem da China. Qualquer relação com estas coordenadas espaciais e
temporais seria uma mera coincidência involuntária.”
* Barqueiros do
Volga é uma música tradicional russa
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