Uma história não tem princípio ou fim: escolhemos arbitrariamente o
momento da experiência, de onde olhar para trás, ou olhar para diante. Digo
“escolhemos”, com o impreciso orgulho de um escritor profissional, de quem –
quando a sério o consideram – louvam a capacidade técnica; mas será de facto
por minha livre vontade que eu escolho
essa negra e chuvosa noite de Fevereiro de 1946 e a visão e Henry Miles
atravessando obliquamente o vasto rio de chuva, ou estas imagens me escolheram?
É conveniente, e até conforme com as regras da minha arte, começar exactamente
por aí; mas acreditasse eu então em um Deus, e também acreditara que uma mão
segurara o braço e alguém me sugerira: “Fala-lhe: ele ainda não te viu.”
* Tradução de
Jorge de Sena
* Graham
Greene formou-se na Universidade de Oxford, foi jornalista e sub-editor do The
Times
* O livro foi adaptado ao cinema (1999) pelo realizador Neil Jordan, com Ralph Fiennes e Julianne Moore respectivamente nos papéis de Maurice Bendrix e Sarah Miles
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