Embora Methuen se hospedasse habitualmente no seu Clube sempre que se
encontrava em Londres era raro verem-no no bar ou nas lúgubres salas de fumo.
Essa tarde de Junho era uma espécie de excepção – e ele surpreendeu-se a si
próprio quando deu consigo a passar pela escadaria de mármore ao lado do
cubículo do porteiro e a empurrar os batentes de mola da porta que abria para a
sala de estar reservada aos sócios. Ia à procura de companhia congenial, disse
para consigo, e acrescentou em surdina, “E não me estou a sentir muito
exigente.” Quatro meses nas selvas da Malásia tinham-no deixado faminto da sua
própria língua e ficou radiante – sim, radiante – ao avistar o velho Archdale,
o rei dos maçadores, num canto da sala. “Você esteve fora uma data de tempo”,
disse Archdale fitando-o nebulosamente através do seu monóculo de aro de ouro,
e Methuen reanimou-se com a familiar saudação: “Seja bem-vindo de volta à
fogueira do acampamento, meu velho.”
* Tradução de
Daniel Gonçalves
* Lawrence
Durrell nasceu na Índia em 1912 e morreu em França em 1990.
* Entre 1937
e 1938 residiu em Corfu, uma ilha grega no mar Jónico, onde descobriu o mundo
mediterrânico, uma das suas principais fontes de inspiração. Durante a II
Guerra Mundial trabalhou no Ministério dos negócios estrangeiros. Em 1956
abandonou a carreira diplomática e assentou residência na Provença francesa
onde viria a falecer em consequência de uma embolia pulmonar.
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