agora que a paixão se demoveu de ti
são poucas as notícias que te trago.
as palavras bem podem ser
pequenos papéis atirados ao chão.
se o vento as levantar é porque ainda
haverá um livro de poemas
nas pontas dos dedos a ferir o espaço
para um último batimento.
deixaste-me assim com a paixão rápida
o funeral e os pássaros nos ramos
a aprender asneiras e as marchas de séculos
anteriores. recusaste um coração
a cercania das mãos
a destapar o rosto oculto.
agora é tarde
os poemas são vedações de florestas
que não podem crescer mais.
sem árvores o vento não sopra
e é pouco o que chega até ti.
in Odes, Ed. Canto Escuro
*na foto: Ana Salomé - retirada deste link: http://quintasdeleitura.blogspot.pt/2010/03/ontem-noite-poe-cassete-da-tempestade.html (blogue do ciclo poético do Teatro Campo Alegre, Porto)
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