quinta-feira, 21 de junho de 2012

Não se julga um livro pela capa... será?


Partimos do ditado "Nunca se julga um livro pela capa" para tentar perceber se isto tem ou não, um fundo de verdade. As capas são assim tão importantes no livro para além do seu papel inicial de protecção do volume de páginas.

Alberto Manguel, um amante dos livros com vários livros editados, alguns dos quais já falamos aqui no blogue, escreveu recentemente um artigo para o El País, onde inicia o texto com uma afirmação de Oscar Wilde que sintetiza o poder das capas dos livros: “Só as pessoas superficiais não julgam pela aparência”. Portanto, o designer e o editor jogam com o imaginário do público quando pensam uma capa.

A história das capas é muito recente. A história do livro tem pelo menos seis mil anos, quando as placas de argila eram acondicionados em bolsas de couro ou caixas de madeira. As capas como conhecemos surgiram apenas no século V para proteger os códices religiosos. Somente quando o nome do autor e o título passaram a constar das capas e lombadas foi que surgiu a necessidade de decora-las. Foi no Renascimento que os livros com capas ilustradas atingiram o status de objecto de luxo, elevando a encadernação à categoria de arte.

A importância das capas, como hoje as conhecemos, começa em fins do século XIX e, como sabemos, conferindo identidade e, ao se mudar a capa numa edição mais recente, o livro pode até ser visto de outra forma pelas gerações mais recentes. Apenas os coleccionadores de livros sentiriam prazer em admirar aqueles brocados, cheiro de couro e relevos dourados, por exemplo.


Segundo Peter Osagae, o livro é um documento rico em sinais que, quando decifrados, enriquecem a compreensão do que é lido. A leitura da capa de um livro é uma pré-leitura de um texto, ele também a relaciona a uma missão de espionagem, no qual o leitor é um espião que deduz através dessa pré-leitura o que estará por vir na leitura do livro.

A análise da capa de um livro pode / deve despertar no leitor a percepção, a curiosidade e a imaginação do que virá em seguida com a leitura desse livro, o que dará lugar ao surgimento de perguntas, dúvidas, certezas e apostas. Entre o título e a imagem ocorre um diálogo, e esses devem-se complementar, em relação a esse primeiro, é tido como uma senha verbal. Já o segundo  pode intrigar o leitor ou provocar expectativas quanto ao que irá acontecer em seguida. A intencionalidade estética e comunicativa da capa de um livro tentam sintetizar a sua história e fisgar o leitor para que a leitura seja feita, mas vale ressaltar que nem todas as capas irão possibilitar boas leituras.

Este post é apenas um de vários que pretendo dedicar a esta área dentro do que é a construção dos livros, em especifico o design de capas, até porque não faltam exemplos de grandes marcas na história dos livros, seja em editoras ou colecções.


Como exemplo dessas variedades ao longo do post estão várias capas do "1984" do George Orwell.

Para abrir o apetite e irem conhecendo mais aqui fica um link: Book Cover Archive que se dedica a compilar capas de livros e a organizar essa compilação.

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