Eis-nos chegados a Junho, mês em
que me cabe a responsabilidade da escolha de um livro a ser desbravado em
conjunto. É o terceiro que lanço às feras. Para trás ficou uma Cana de Pesca
para o meu Avô e uma Praça de Londres. Não foi nada simples o processo de
escolha que culmina na obra que vos apresento hoje. Se por um lado quis manter a
linha de um livro de contos, também quis que a língua originária de escrita fosse
a portuguesa. Se numa mão pesou a facilidade do leitor encontrar o livro, na
outra os pesos dobraram na ansiedade de dar a conhecer viagens singulares,
espasmos vários, certezas de generosidade que não se compadecem com a posição
certa e arrumada na estante da livraria. A Promessa é certa, encontrem ou não o
livro, faremos deste espaço, ao longo deste mês, uma viagem de sentidos. Se
inicialmente pensei na estrita esfera dos contos e no mágico que seria juntar
Edgar Allan Poe com pitada de Pessoa, dissuadi a veleidade na constatação dura
sobre o tempo e o nível de compromisso. Se tomada a decisão sobre a língua de
origem fiz de Rubem Fonseca a hipótese aliciante, num mergulho pelo mundo dos
contos percebi que este prémio da escrita merece que a pena se embale pela sua
narrativa. Mas eu queria contos. Sentimento lusitano na sua criação. Expressão
da língua portuguesa na arte das metáforas. Mas Contos. E lembrei-me d´ele. Claro. Como não? Obra belíssima,
tão filosófica quanto simbólica. Incómoda. Desconhecida, provavelmente difícil de
encontrar. E se conseguirmos, em conjunto, reinventar conceitos? Adequa-los? E
se eu for partilhando passagens dos contos e até seja possível, mais do que eu
penso que seja, chegar ao livro? E se me escreverem amanhã a dizer “ já o
encontrei!”. Seja como for esta é a
minha escolha e quero, mesmo, que vos chegue a essência.
O autor é Pedro Maria D´Almeida.
O livro Os Contos do Arco da Velha Íris.
O livro Os Contos do Arco da Velha Íris.
A
sinopse: “Íris, a velha que acreditando no
Arco contava contos. (…) de Eduarda Mónica, da rã Flôrbela, dos ovos da Berta e
do Ambrósio, do Bernardo de Cristal, da savana de Gnus e Leoas, das cores das
algas, do prateado e do dourado, do bege da cama, do azul pretendido, do rato
lilás, do estrelado da estrela, da cor de um dedo, da púrpura da guitarra, das
quatro estações, da verdura, do abraço, do cinzento e branco, do papo de rola,
dos camarões rosados, do nada, e de uma Íris que tem as cores do ARCO-ÍRIS no
bolo das suas oitenta velas.”
” (…) aprendeu cedo que o bom jornalista é o
que está no sítio certo no momento certo apontando o fumo do cigarro certo na
direcção certa. Para tal demorou dezasseis anos a conseguir criar todos os
momentos e até todos os sítios certos.”
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