sexta-feira, 15 de junho de 2012

A Casa dos Bicos já está aberta ao público com a Fundação José Saramago


O vídeo viral que está mais abaixo, é do dia 12 e antecipava o que já se sabia ser um sucesso. É o último de uma série de vídeos feitos para preparar o dia da inauguração.

Ao fim de hora e meia de abertura, já centenas de pessoas tinham passado pela nova sede da Fundação José Saramago, na Casa dos Bicos, em Lisboa. Depois da inauguração oficial, que decorreu ao fim da manhã, do dia 13 de Junho, as portas abriram-se ao público que se tinha acumulado no passeio fronteiro.

A Casa dos Bicos, que tem uma importante jazida arqueológica a nível subterrâneo, abrirá todos os dias úteis das 10h às 18h e, aos sábados, das 10h às 14h. Em Junho, a entrada é grátis, depois passa a ser paga: o bilhete custará três euros para os portugueses e "entre cinco e seis euros" para os estrangeiros. A fundação vai viver dos direitos de autor da obra do escritor, que morreu a 18 de Junho de 2010, e do trabalho que se for fazendo nesta instituição, que assume como norma de conduta, nas suas actividades, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, e que tem por missão dar particular atenção aos problemas do meio ambiente e do aquecimento global do planeta.

Deixo-vos aqui a mensagem do Eduardo Lourenço na inauguração:

"Nenhuma Cassandra podia vaticinar que a geração da Utopia que foi a de José Saramago encontraria, entre estes muros lembrados do império perdido, a sua capela ardente e maravilhosamente imperfeita. A realidade superou a ficção. Mas só o fez porque, antes, a ficção, os sonhos de papel de um poeta filho da terra e da sua transcendência, converteu as suas fábulas em fábulas de ninguém e de toda a gente. Os muros sem norte desta casa que a capital do País achou por bem conceder ao romancista que pôs o nome da sua terra no ecrã literário do mundo são o rosário de contos que o nosso fabulista-mor consagrou à sua musa Blimunda e ao numeroso séquito que a acompanhará para sempre. Com Saramago entra nesta casa uma geração que desejou de olhos abertos, se não mudar o mundo, torná-lo digno de ser salvo da sua irredenta inumanidade. Cada um à sua maneira, Jorge de Sena, Vergílio Ferreira, Agustina, traz a sua luminosa sombra para fazer companhia ao autor de “Memorial do Convento” e de “Todos os Nomes”. Cada autor digno de memória resume a literatura do povo a que pertence e do mundo inteiro. Que ao menos aí sejamos a chama da única pátria que os ventos da História não apagam da nossa memória precária."
Eduardo Lourenço, Vence, 12 de Junho de 2012

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