quinta-feira, 3 de maio de 2012

A partida do delfim Fernando Lopes


Há coincidência tristes e uma delas foi esta. No passado dia 26 de Abril usei o excerto de um filme do Fernando Lopes para falar sobre um livro e a propósito de um dia de chuva na Feira do Livro de Lisboa. Neste post que se chama "A chuva da liberdade a regar o dia de Feira " parte da homenagem a este grande senhor do cinema já estava feita. "Uma Abelha na Chuva" de Carlos Oliveira, adaptado em 1972 por Fernando Lopes ao cinema.

Ontem, faleceu Fernando Lopes, com uma carreira de 50 anos, era, a par de Paulo Rocha e Manoel de Oliveira, uma das referências do cinema português. O corpo de Fernando Lopes vai estar em câmara ardente amanhã, quinta-feira, no Palácio Galveias, em Lisboa, entre as 18h e as 22h numa cerimónia laica. Na sexta-feira, o realizador vai ser cremado numa cerimónia privada.

Como falamos de livros e porque o Fernando Lopes também foi um homem de livros, fica mais uma homenagem dupla. Desta feita com "O Delfim", um filme realizado por Fernando Lopes, no ano de 2002. O argumento, escrito por Vasco Pulido Valente, baseia-se na obra homónima de José Cardoso Pires.


Portugal, finais dos anos 60. Tomás Palma Bravo, o Delfim, o Infante, é o herdeiro de um mundo em decomposição. É ele o dono da Lagoa, da Gafeira, de Maria das Mercês, sua mulher infecunda, de Domingos, seu criado preto e maneta, de um mastim e de um "Jaguar E", que o leva da Gafeira a Lisboa e às prostitutas. Um caçador, detective e narrador, que todos os anos volta à Lagoa para caçar patos reais, descobre, um ano depois, que Domingos apareceu morto na cama do casal Palma Bravo e que Maria das Mercês apareceu a boiar na Lagoa. Quanto a Tomás Palma Bravo e ao mastim, dizem-lhe que desapareceram sem deixar rasto. E que da neblina da Lagoa se ouvem agora misteriosos latidos. Fica aqui também parte de uma série documental, "Grandes Livros" onde se aborda essa obra do José Cardoso Pires.


“… Tudo abstracto: tempo recordações… Emigrantes reduzidos a bandeira de luto em corpos de mulheres jovens gafeirenses que vivem nesses casos a minha volta e os desconhecidos que fui buscar aos bares e às conversas do acaso ainda… diz o meu lado crítico – tornam mais abstracto esta viagem à roda de meu quarto.”

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