Os jovens deixaram de ler.
Esperava que me dissesses isso. O
verdadeiro português expressa a sua portugalidade diminuindo Portugal. As
estatísticas, pelo contrário, mostram que nunca se leu tanto, aqui, neste
minúsculo rectângulo, mergulhado em sol e pessimismo. Em 1960, havia cem
utilizadores de bibliotecas por cada mil habitantes. Em 2003, já eram mais de oitocentos.
As estatísticas mostram também que os grandes leitores são jovens com menos de
trinta anos. A literatura portuguesa vive um bom momento. Todos os anos surgem
novos escritores. O Brasil, entretanto, continua a crescer. O mundo estremece e
contorce-se atingido por graves crises económicas, e o Brasil cresce. O mundo
entra em pânico, o mundo acalma-se, e o Brasil não se detém, insiste em crescer.
O desenvolvimento económico vem impulsionando uma euforia cultural sem paralelo
na história do país. Música, cinema, artes plásticas, literatura. Está tudo a
mexer. Em Angola e Moçambique, embora a um nível muitíssimo mais modesto,
passa-se algo semelhante. Durante os últimos quinhentos anos, houve sempre uma
guerra, um conflito violento, nalgum território onde se fala português. Agora não.
Temos pela primeira vez uma paz lusófona.
Sem comentários:
Enviar um comentário