segunda-feira, 30 de abril de 2012

Uma Banana do Japão para novos horizontes literários

De volta aos livros propriamente ditos, a escolha de hoje recai sobre uma autora relativamente pouco conhecida em Portugal. Vamos à literatura japonesa e à oportunidade de poder ler esta autora por poucos euros. A editora em Portugal que tem uma boa parte, para não dizer toda a obra desta autora, é a Cavalo de Ferro. Com um catalogo exemplar nos últimos tempos tem andado a saldar as suas obras "mais antigas", entre elas as de Banana Yoshimoto, que podem ser encontradas na Feira do Livro em Lisboa e também no mercado do livro que está a acontecer simultâneamente no Porto no Palácio de Cristal.

Vamos lá passar os olhos por duas obras e abrir o apetite para alargar a biblioteca a novas literaturas em modo low cost, a combinar com os bolsos dos portugueses.




Filha do filósofo, poeta e crítico literário Takaaki Yoshimoto, Banana Yoshimoto cresceu numa família liberal e esquerdista, tendo aprendido desde cedo o valor da independência. Graduou-se pela faculdade de Artes da Universidade Nihon, especializando-se em Literatura. Durante essa época, tomou para si o pseudónimo "Banana", por causa do seu amor por flores de bananeira, ela considera o nome tão "bonito" quanto "propositadamente androgeno". Apesar do sucesso literário, Banana Yoshimoto procura levar uma vida discreta e modesta.




Lua de Mel, na tradução para inglês "Kitchen", mais próximo do título real, surge na edição portuguesa, estranha, muito fora do design habitual da editora. Este livro retrata uma bela história de amor entre dois jovens que foram criados juntos – Manaka e Hiroshi (eram vizinhos), tornaram-se cúmplices, confidentes e casam-se com apenas 18 anos. O seu amor foi construído sobre um passado em comum, mas as suas personalidades são muito diferentes. Manaka sempre foi amada e protegida pelo pai, pela madrasta e pela sua mãe que vive em Brisbane – Austrália, enquanto que Hiroshi foi abandonado pelos pais e criado por um avô cuja saúde débil fez com que Hiroshi se sentisse permanentemente em pânico perante a hipótese de não estar com ele quando este viesse a falecer. Este constante peso sobre os seus ombros fez com que Hiroshi se tornasse num jovem tímido, reservado e assombrado por sentimentos totalmente contrários aos sentidos durante a chamada idade da adolescência.

É um romance diferente, com uma história de amor que não segue as normas do romance ocidental e actual. É um amor não piegas, ainda que ambos concordem que não conseguem viver um sem o outro – um amor puro, ingénuo, que parte da apreciação mútua de pequenas coisas da vida, como koalas, golfinhos, estrelas, a noite. Esta é uma peculiaridade muito própria dos orientais, nomeadamente dos japoneses.




O segundo escolhido chama-se Arco-Íris. Após a morte da sua mãe e da sua avó, a jovem Eiko parte sozinha para Tóquio. Inicia assim uma nova fase da sua vida. Em Tóquio trabalha no Arco-íris, um restaurante polinésio. Involuntariamente acaba por se envolver nos problemas e confusões do casal de proprietários. Eiko sente-se esmagada e exausta num ambiente de mentira e traição. Antes que os dramas alheios a sufoquem, decide fazer a viagem dos seus sonhos, e parte para o Taiti.

No seu estilo único, Banana Yoshimoto conta-nos uma história simples, mas profunda. Uma história sobre a dificuldade de acreditar no amor depois de experimentar a dor e a traição, e sobre a capacidade de encontrarmos na natureza a energia para redescobrirmos o equilíbrio interior.

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