quinta-feira, 19 de abril de 2012

O Estudante de Coimbra - um livro do séc XIX que é agora novidade...

Quem é que já ouviu falar de Guilherme Centazzi? O blog de Pedro Almeida Vieira dá-nos a conhecer este escritor esquecido...

«Médico, escritor e compositor, Guilherme Centazzi formou-se na Faculdade de Medicina de Paris, obtendo o grau de Doutor, após ter sido expulso da Universidade de Coimbra, onde estudava Matemática, por causa das suas opções liberais. Esteve exilado em França entre 1929 e 1934, durante as Guerras Liberais.

Embora tenha vindo em criança para Lisboa, assumiu-se em vários escritos como um orgulhoso algarvio. O seu pai era cidadão da antiga República de Veneza, que se casou com uma portuguesa. Do lado materno tem também ascendência de um genovês, seu avô, que também desposara uma portuguesa.

(...)

Foi o verdadeiro precursor do romance português, mesmo antes de Alexandre Herculano e Almeida Garrett, através da obra «Carlos e Julieta», publicada em 1838, que reformularia uma década depois sob o título «Beatriz e o Aventureiro».

No entanto, a grande inovação na sua escrita mostra-se sobretudo com «O Estudante de Coimbra» (1840), um romance em três volumes abordando, com uma faceta quase picaresca, a vida de universitário que se envolve nas Guerras Liberais, onde mistura romantismo com realismo. Embora alguns traços do protagonista deste romance denotem traços biográficos, a parte mais substancial do enredo é, sem margem para dúvidas, uma ficção.

Apesar de ser um médico conceituado, foi praticamente ignorado pela elite literária da sua época - e também (ainda) na actualidade -, talvez por algumas das suas obras, sobretudo «O Estudante de Coimbra» não se inserir nos cânones do romantismo.

Porém, esta sua obra teve uma tradução em alemão no ano de 1844, significando que foi o primeiro português com um romance editado no estrangeiro. Mereceu também uma extensa e elogiosa recensão, de mais de uma dezena de páginas, pelo conceituado crítico escocês Thomas Carlyle na Fraser's Magazine.»


A Editorial Planeta e Pedro Almeida Vieira acabam de ajudar ao re-lançamento (tantos anos volvidos) da obra O Estudante de Coimbra. Um livro que me desperta imensa curiosidade por ter sido tão ignorada. Também pelo lado sentimental, porque estudei na Lusa Atenas. Para já, deixo-vos a sinopse e a capa. A não perder!

"A grande crónica contemporânea das Guerras Liberais, num estilo desassombrado, feita por um escritor pioneiro, esquecido e agora redescoberto, que deverá ser considerado o pai do romance português moderno. «Sem dúvida o melhor espécime da actual escola das belles lettres portuguesas com que até à data nos deparámos.» Assim se referiu em 1848, Thomas Carlyle, famoso ensaísta e crítico literário escocês, ao romance O Estudante de Coimbra, escrito pelo médico português Guilherme Centazzi, cuja tradução para alemão surgira quatro anos antes.

Originalmente publicado entre 1840 e 1841, esta obra de Centazzi antecede aquele que é comummente considerado o primeiro romance português moderno: Eurico, o Presbítero, de Alexandre Herculano, que sairia em 1844. Dois anos mais tarde seria publicada a obra maior de Garrett, Viagens na Minha Terra.

Eis, pois, uma obra a vários títulos histórica, que a Planeta se orgulha de apresentar aos leitores do século XXI e enriquecerá a biblioteca de todos os amantes da literatura portuguesa."

Sem comentários:

Enviar um comentário