sábado, 28 de abril de 2012

Nova velha Feira, sem convidados nem culturas e condições que deixam muito a desejar


Não sei se toda a gente se lembra, mas as mudanças na Feira do Livro de Lisboa não foram meramente estéticas. Os pavilhões mudaram e sobre eles há certamente muito a dizer.

Começamos pelas prateleiras laterais pensadas para um máximo de 10 kg. Quem trabalha com livros e quem sabe quanto custa cada pavilhão percebe facilmente que a estupidez do projecto começa logo aqui. Eu sei de muitos livros que quase sozinhos tem esse peso. Ficamos então com uma prateleira para um livro. Não satisfeitos estas prateleiras laterais não tem nenhuma pala de protecção quer para sol ou chuva e uma delas apanhamos de certeza! Depois a segurança dos próprios pavilhões, madeira fraca, que com a sucessão de montagens e desmontagens, sol e chuva, transportes e armazenamento, ao fim de dois ou três anos demonstra já marca irrecuperáveis. Tectos que deixam a chuva entrar e muitos outros problemas tem afectado o trabalho aos editores e livreiros presentes.

Não vos maço com mais problemas... pelo menos destes problemas.



Saltamos então para uma outra coisa que desapareceu, talvez mais grave ainda. Era hábito existir um país convidado da Feira. Para além de um pavilhão que lhe era dedicado com livros, publicações várias e conferências agregadas havia um cuidado de divulgação da língua, cultura e hábitos desse mesmo país, contribuindo para o enriquecimento de ambas as culturas e das pessoas presentes.

O que aconteceu a esta iniciativa? Desapareceu porquê?
As taxas pagas aumentaram, os associados continuam a pagar quotas, os institutos públicos e embaixadas continuam a existir.

Já agora fica o repto... se voltasse esta iniciativa que país gostavam de ver convidado? Se tiverem paciência o porquê dessa escolha.

Para já fica por aqui, mas não sem antes deixar um outro desafio ao nossos leitores e às nossas leitoras. Passem pela Feira e passem com olhos de ver. Reparem no que está para além da primeira visão. O que mudariam por ali?

Acho que numa Feira que completa este ano 82 anos já era tempo de se pensar e repensar o modelo, tendo em conta as mudanças no sector, os problemas financeiros e a incapacidade de a APEL ser monitorizador do mercado na área. Onde fica o espaço para editoras de outros países, onde negociamos os direitos e vendas de traduções... são tantas as questões e tão pouca massa critica no sector cada vez mais tomado pelos gigantes da finança que tratam os livros como outro "produto" qualquer.

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