quinta-feira, 12 de abril de 2012

Marjane Satrapi chega em português, pela Contraponto

Não creio que vá ser um grande sucesso editorial em Portugal esta tradução da magnífica obra de Marjane Satrapi. Tenho pena, porque acho que a Contraponto teve um desafio excelente e fez um trabalho meritório. Simplesmente não sinto que tenhamos (ainda) um público leitor que consuma B.d. deste nível. E se temos, prefere comprar as edições originais pela Amazon. De qualquer forma, não me parece uma audiência de massas, mas um nicho muito específico.

Posso estar completamente enganado. Espero bem que a história mais badalada sobre a adolescência no Irão dos últimos anos conquiste muita gente. Como a mim conquistou - tanto na leitura como no cinema.

Outro factor que considero relevante é que os nossos jovens e adultos lêem cada vez mais as tendências cinematográficas do momento - como o caso recente da adaptação de
«Os Jogos da Fome» de
Suzanne Collins (refira-se que os seus livros estão actualmente em todos os Top's das principais livrarias, mas o primeiro da saga já foi publicado pela Presença em 2009).

O trajecto da tradução portuguesa do livro de Marjane Satrapi é inverso: Persépolis foi adaptado pela própria autora e por Vincent Paronnaud ao cinema em 2007. Contou com vozes conhecidas deste mundo como Chiara Mastroianni e Catherine Deneuve e arrecadou importantes prémios da crítica. O livro sai em Portugal 5 anos depois disto tudo (e a história é já de 2000). Infelizmente estou em crer que a febre do filme já passou e isso vai retirar espaço ao livro.


Há dois factores que podem deitar por terra todas as minhas teorias. Ou uma grande revista literária (ou até personalidade) lhe dá um grande destaque - fenómeno que normalmente traz alguma animação; ou o livro entra no já badalado PNL (Plano Nacional de Leitura) como leitura autónoma recomendada a jovens (e porque não? Anna Karenina de Tolstoi ou 1984 de George Orwell são deste plano) . Seria caso para adivinhar um sucesso não tão imediato. Mas, pelo menos, com vida mais longa...

Esperemos que Persépolis vingue e fique connosco por muitos anos. Que não seja mais um caso de edição única que, por falta de leitura, fique esquecido e esgotado para sempre.

Acreditem que conheço excelentes livros que passaram assim despercebidos.

Deixando esta reflexão, fica a sinopse que a editora Contraponto faz desta obra (uma forma de recordar, mais uma vez, esta história):

«Com esta memória inteligente, divertida e comovente de uma rapariga que cresce no Irão durante a Revolução Islâmica, Marjane Satrapi consegue transmitir uma mensagem universal de liberdade e tolerância. Persépolis desenha um retrato inesquecível do dia-a-dia no Irão, as desconcertantes contradições entre a vida familiar liberal e a repressiva vida pública com um regime pedagógico que atentam contra toda liberdade individual. Intensamente pessoal, profundamente político e totalmente original, Persépolis é ao mesmo tempo uma autobiografia e um chamamento perturbador sobre o custo humano da guerra e da repressão política.»

3 comentários:

  1. Li uma crítica sobre este livro na revista Actual do Expresso esta semana e cativou-me a comprá-lo.

    O filme baseado neste livro vai sair no próximo sábado (amanhã) juntamente com o Público. Custa 1.99 euros o DVD + o custo do jornal.

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  2. Isso é uma excelente informação. Pode ser que ajude na divulgação da obra.

    Vou partilhar, Miguel. Obrigado

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  3. Se entrar nas listas do PNL será de louvar.
    A última vez que procurei continuava sem haver nem um título de banda-desenhada nas listas do PNL.

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