domingo, 29 de abril de 2012

Entre o mar de chuva e o mar de maleitas... como se sobrevive no mundo dos livros


O mundo dos livros não anda famoso. Junta-se ao panorama geral das crises, a de valores e a de valores, os problemas de quem nunca percebeu o mercado. Aliás, de quem pensou que os livros podiam ser tratados como outro produto qualquer.

Para muita dessa desgraça têm contribuído as distribuidoras e os seus respectivos vendedores. Poucos são os que se salvam, poucos são os que sentem pelos livros a mesma paixão de um leitor ou de um bom livreiro. Vendem livros, como venderiam um carro ou batatas fritas. Saem das escolas de marketing e gestão cheios de vontades que não conseguem concretizar e nem sabem concretizar. Iludem-se e iludem outros.

A par disso vão caindo os "grandes" da distribuição, há uns anos atrás a Centralivros e agora chega a noticia da insolvência da Sodilivros. Cada vez que cai um destes monstros vão atrás as editoras por eles representados. Dividas que ficam por pagar, livros perdidos em armazéns, livros que não são devolvidos, editoras que morrem ou ficam maltratadas por estas falhas.

O último grito que saiu a público é do Luís Oliveira, editor da Antígona, que escreve uma carta aberta sobre a situação presente da CE Sodilivros. Solidários com este editor que fala e com todos os outros que se calam mas sofrem à mesma aqui fica a reprodução da carta.

"A CE Sodilivros, a maior distribuidora de livros em Portugal, no mercado há mais de vinte anos, acaba de pedir a insolvência, deixando em grandes dificuldades e com muitas dívidas as mais de quarenta editoras que distribuía, incluindo a Antígona e a Orfeu Negro. Os administradores desta empresa, o Sr. José da Ponte e o Dr. João Salgado, o patrão da mesma e também proprietário da Coimbra Editora, têm-se comportado como descarados malfeitores. Quase todas as distribuidoras de livros faliram nos últimos trinta anos.
Há aqui um erro; onde está esse erro?
Os meios de comunicação social têm estado silenciosos, indiferentes à desgraça dos editores e do pessoal trabalhador da CE Sodilivros.
Jornais e televisões andam muito ocupados com as banalidades do Governo e afins.
Deseja-se que a partir desta comunicação acordem para este gravíssimo problema cultural, ficando a Antígona disponível para fornecer todas as informações necessárias."


Lisboa, 20 de Abril de 2012
Luís Oliveira
Editor da Antígona  



Nos dias que correm tem sido mesmo difícil contornar estes problemas. Não falando directamente de livros, o mundo que os rodeia não é fácil. No entanto acho que não faz sentido amar os livros fechar os olhos a estes problemas. Os problemas tem de ser encarados pelos vários intervenientes como sendo de todos, do editor ao leitor sem esquecer ninguém!

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