quarta-feira, 25 de abril de 2012

Abre a Feira, a Caravana passa e os Cães ladram


Pois então mais um ano, mais uma volta. O mesmo desfilar de vaidades pelo Parque abaixo. Miguel Relvas e Francisco José Viegas, anteriormente um homem do sector, ontem emproaram-se para a festa. Ainda sou do tempo em que estas pessoas se davam ao trabalho de aqui e ali cumprimentar um livreiro ou um editor, falar com as pessoas que estavam pela Feira quer fosse a trabalhar ou a visitar. Agora é só galanteio e fuga. Por volta das 17 horas estava feita então a abertura oficial da Feira do Livro de Lisboa, como alguém disse: está abençoada!

Ao fundo do Parque eram esperados por uma mini manifestação. Trabalhadores da Bulhosa com salários em atraso e numa situação laboral extrema e funcionários da Europa-América ainda sem saberem muito bem dos seus destinos. Vítimas das desregulação do sector, da acumulação de poder pelos grandes grupos editoriais e pelas sucessivas falências fraudulentas.

Os resistentes resistem. Resistem enquanto podem, aos aumentos do IVA, à falta de incentivos à leitura e à falta de formação. Ao facto das pessoas não terem dinheiro para quase nada. Às concentrações económicas, ao desnorte de quem não tem politicas mas sim medidas desgarradas. Na terceira feira inaugurada por Paulo Teixeira Pinto, enquanto presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) que será a última. No seu discurso, o editor, banqueiro especulador, disse terminará o seu mandato e não se recandidatará.

Assobiaram para o lado todos os assuntos, Acordo Ortográfico, ebooks de costas largas para carregar a crise e pirataria, quando bem se sabe de onde vem os assaltos em pleno mar. Um Ministério transformado em Secretaria de Estado e um editor transformado em papagaio politico são bem os sinais de desgoverno na área da cultura em Portugal que continua a ser o único país do espaço da UE com o orçamento para esta área abaixo do 1%.

Mas como escreveu Alexander Pope: "Um pouco de cultura é uma coisa perigosa".

Agora é só esperar e ver o que se segue nesta Feira. Os livros estão por lá e o que resta de livreiros também. Até lá muitos livros e muitas leituras.

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