quinta-feira, 8 de março de 2012

"Se tiveres uma biblioteca como jardim, tens tudo."*

* Cícero.
O que dizer de um jardim com biblioteca, de um café com livros, de uma livraria com aromas de café? Daquele espaço que convida à escrita, daquele jardim com poemas gravados na pedras? Vamos começar pela bela Lisboa e depois estender os braços de Norte a Sul do País. Recordar e conhecer as paisagens de inspiração ou dar a conhecer os espaços onde se pode ler, não porque é permitido mas sim porque é proporcionado. Algures nesta viagem apontaremos outros espaços onde sabemos que nasceram Obras. Para já o périplo cinge o traçado na procura de tocas onde encontrar livros, sentar, ficar, usufruir e decidir.

Lisboa tem, claramente, a vantagem de uma luz única, de um convite a sentar-se, observar, de Verão ou de Inverno, pegar no lápis e escrever, tirar notas, ou simplesmente contemplar. Ler. Quem anda pela zona do Rato, a caminho da Lapa, e encontre o Jardim da Estrela não demorará a cruzar-se com a Biblioteca-Quiosque. Pequenina, com cerca de mil livros à disposição, meia dúzia de mesas e cadeiras em jeito de esplanada. Esteja calor ou frio porque, mesmo quando o último aperta, sabe bem que a bebida quente seja acompanhada com letras. E escreve-se. Se a visita acontecer na Primavera e Verão ainda se ouve Jazz ao vivo.

No lado oposto da cidade encontra-se novamente um jardim fabuloso onde, por todas as razões, se respira cultura nas suas variadas formas. A Fundação Calouste Gulbenkian oferece os magníficos Jardins, a Biblioteca, a Livraria e o Café Babélia, onde os livros também se podem sentar à mesma mesa que as mãos devoradoras de leitura. O anfiteatro ao ar livre é muitas vezes inundado pelas mentes criativas que ali se sentam, deitam, lêem, escrevem. A agitação citadina fora daqueles muros baixa o volume, quase como se desaparecesse, dando lugar a uma névoa de inspiração, de silêncio e tranquilidade.

Outro formato encaixa nos cafés com livros e livrarias com café. No primeiro, quem anda por Alfama da Sé encontra o Pois-café. Do simples café à refeição leve, o que mais ressalta e inspira são as pequenas estantes, habitadas por livros, em várias línguas, a maior parte deixados pelos passageiros frequentes daquelas ruas, os turistas. Os sofás convidam à leitura, as mesas são inundadas de folhas, lápis e esferográficas sedentas. Há quem almoce enquanto lê, há quem escreva enquanto se aquece com chá.

Quanto ao segundo formato, o caminho é em direcção a Alcântara. No espaço baptizado como Lx-Factory, num terreno murado, com antigas fábricas a darem lugar a recantos díspares, encontramos a Livraria Ler Devagar. Uma autêntica biblioteca, repleta, repleta e repleta de estantes bem recheadas, onde se pode comprar ou apenas ler, sentar-se, fazer uma refeição, ou simplesmente saborear uma bebida. Palco de tertúlias, conferências e concertos, é difícil não ficar com vontade de fazer dela segunda casa e dos livros os amigos perfeitos.

Há outros espaços, claro, mas nem o simples elencar seria objecto neste “espaço”, nem este encerra tamanho para essa explanação. Apesar de ter enunciado o contrário, não resisto em terminar sem indicar dois locais onde nada mais há do que a história que os circunda, e nem pratica nem oferta de leituras. Porém, para quem precisar de recorrer à metáfora para se inspirar, nada melhor que sentar-se na Brasileira e sorrir à estátua do Pessoa, ou sentar-se na mesa do fundo do Martinho da Arcada e imaginá-lo a escrever.


Imagem: Livraria Ler Devagar, Alcântara.

3 comentários:

  1. Uma biblioteca como jardim não... um jardim com uma biblioteca sim...

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  2. Muito bom!Muito boas sugestões...juntando outras zonas do país, vai dar um excelente guia!*

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  3. Jardim ,biblioteca, café, museu, parecem as férias...

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