quarta-feira, 14 de março de 2012

Paul van Ostaijen, poeta dadaísta

Paul van Ostaijen (Antuérpia, 22 de Fevereiro de 1896 –Miavoye-Anthée, 18 de Março de 1928) foi um escritor e poeta vanguardista belga de língua holandesa, considerado um dos melhores do século XX.

Tinha o apelido de "Senhor 1830" pelo hábito de caminhar ao longo das avenidas principais de Antuérpia vestido como um dandy daqueles anos. A sua poesia, por influência do modernismo (Expressionismo, Dadaísmo e primeiro Surrealismo), apresentava um estilo muito pessoal.


Van Ostaijen foi um activo defensor da "independência flamenga" e, devido ao seu envolvimento durante a I Guerra Mundial nesse movimento, foi forçado a fugir para Berlim no final da guerra. Nesta cidade, um dos centros do Dadaísmo e do Expressionismo, pôde conhecer muitos outros artistas. Aí teve também uma grave crise psíquica.

De volta à Bélgica, abriu em Bruxelas uma galeria de arte. Hospitalizado numa casa de repouso nas Ardenas belgas, morreu em 1928, de tuberculose.


Tendo produzido apenas por pouco mais 10 anos, os procedimentos poéticos introduzidos por ele influenciam a poesia de língua holandesa até hoje - início do século XXI.

Paul Van Ostaijen nunca foi traduzido em Po
rtugal. Os poemas aqui apresentados foram traduzidos por Philippe Humblé e Walter Costa em português do Brasil.



Verso 6


Eu não posso coleccionar selos
Eu não posso coleccionar fotos de mulheres
Eu não posso coleccionar namoros
nem sabedoria
eu já não posso nada mais
eu já não posso nada mais
Porque não apago a luz
E não vou pra cama
Eu quero provar
estar nu
pelado quem sabe sim púrpura gelada e palidez
Não é assim o próprio princípio principiante
Eu não quero saber nada
eu não quero perguntar
porque
eu não me tornei um coleccionador de selos
Eu começarei por dar meu fracasso
Eu começarei por dar minha falência
Eu me darei um pobre despedaço de terra
uma terra pisoteada
uma terra de urzes
uma cidade ocupada
Eu quero estar nu
e começar


Melopeia


Sob o luar escorre o longo rio
Sobre o longo rio escorre cansada a lua
Sob o luar no longo rio escorre a canoa pro mar
Pela canalta
Pelo pradalto
escorre com a lua que escorre a canoa pro mar
Assim são parceiros pro mar a canoa a lua e o homem
Por que escorrem a lua e o homem ambos mansos pro mar


Poema


E cada nova cidade
flor que murcha
serão todas as cidades assim
serão todas assim
assim são todas
Em todo lugar
em todo lugar e em nenhum
todo lugar é nenhum
em todo lugar
os mesmos bombons tristes em em copos
bebida fica pérola não há sede
uma canção está em todo o lugar
de amor e adultério
serão todas as cidades assim
serão todas assim
assim são todas

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