quinta-feira, 1 de março de 2012

O poeta Zen, Han-Shan

Han-Shan, poeta chinês, viveu provavelmente no século VII e o seu nome está associado ao budismo Chan (Zen em japonês). São-lhe atribuídos 311 poemas e é uma personagem lendária na China onde é representado, acompanhado do seu amigo Shi-de, na efígie de dois rapazinhos a jogar.


Han-Shan foi traduzido e introduzido no Ocidente pela beat generation, que, não só o deu a conhecer, como foi amplamente influenciada pelo mesmo. Jack Kerouac dedica-lhe o seu romance - "Os Vagabundos do Dharma."


Ana Hatherly foi tradutora desta bela obra e afirma, no prefácio à edição portuguesa: "traduzir este livro foi o equivalente a praticar uma arqueologia de sentidos e de formas poéticas (...) O espírito da verdadeira arte é sempre exemplar, mesmo que os seus caminhos pareçam ínvios. Há afinidades electivas na criatividade que conseguem ultrapassar o tempo, lugar, gosto e diferença. Os poemas de Han-Shan (...) são património da humanidade culta. (...) as traduções modernas dos poemas de Han-Shan (...), dada a sua complexa ancestralidade, devem apenas ser consideradas como possíveis recriações poéticas, como possíveis re-invenções de textos remotos."

As montanhas acumuladas a água jorrando
A bruma nuvens rosadas envolvendo o verde iris

O vapor de água acaricia e molha a minha touca de gaze
O orvalho humedece a minha capa de palha

As minhas sandálias de peregrino escorregam
Na mão seguro um velho ramo de junco

Contemplo ainda a poeira do mundo exterior:
Na esfera do sonho que faria eu de novo?

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