segunda-feira, 9 de abril de 2012

O Falcão Peregrino - Uma História de Amor.

Como escolher apenas um livro para apresentá-lo no mês de Abril?

Como leio vários livros simultaneamente, é-me difícil escolher... Contudo, escolhi um dos livros que estou presentemente a ler e que me está a proporcionar uma bela tarde de feriado (6 de Abril) : O Falcão Peregrino - Uma história de Amor, de Glenway Wescott.



"Contando com o motorista e o casal de criados, são sete pessoas reunidas durante uma tarde, numa casa de campo em Chancellet, algures no vale do Loire, em Maio de 1928 ou 29 (o narrador está indeciso), tendo Lucy, um falcão fêmea — assim chamado em homenagem a Walter Scott —, como inesperado detonador de recalques e arma de arremesso.

A intriga avança em crescendo, dir-se-ia em clave operática, mas a aparente frieza da sua música de câmara não é de molde a suscitar entusiasmo a leitores menos familiarizados com o subtil psicologismo do autor.

Salvo, talvez, na descrição do desenlace: «A Sr.ª Cullen entrou em casa, e eu e Alex seguimo-la. Também ela estava mais nervosa do que há pouco, e a sua apresentação não era melhor. Agora, não só uma parte do seu belo cabelo caía para um dos lados, mas também o chapéu pendia sobre uma das orelhas. Viam-se pérolas de suor na sua testa e sobre o lábio superior. [...] Era ridícula, a cena. Mesmo o seu minúsculo carapuço toucado por penas de papagaio me parecia ridículo, rivalizando com o chapéu francês que a sua dona trazia agora num ângulo assaz irlandês, a única diferença é que estava seguro por cordéis. [...] Era como se aquela cena encerrasse o ciclo de acontecimentos iniciado nessa tarde, pondo termo à sequência de significados ocultos que eu vira em tudo, especialmente em Lucy.» Tendo em conta que o imbróglio envolve um casal de irlandeses excêntricos em trânsito para a Hungria, ciúmes mal resolvidos, e uma dramatização em huis clos, o resultado é deveras conseguido."

In Ipsílon, O Escritor Secreto

"O Falcão Peregrino de Glenway Wescott tanto pode ser designado como um romance breve ou uma novela longa, mas independentemente do que lhe queiramos chamar, tem exactamente o tamanho necessário. É uma obra mortiferamente precisa e sucinta; e as suas cento e poucas páginas encerram mais níveis e camadas de experiência do que muitos livros cinco vezes mais extensos"

in Introdução, Michael Cunningham

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