terça-feira, 6 de março de 2012

A livraria, Penelope Fitzgerald - a leitura conjunta de Fevereiro

Hardborough, final dos anos cinquenta, leste de Inglaterra.

Não foi difícil imaginar Florence Green... a quem o marido deixara uma pequena soma de dinheiro, depois de morrer. De pequena estatura, magra, de aspecto sério e com vontade de se afirmar, decide tomar entre mãos o interessante empreendimento de abrir uma livraria e, por arrasto, uma pequena biblioteca.

Os seus conterrâneos ficam atónitos com o atrevimento. Pareceu-me ouvir os seus julgamentos, as suas críticas. Se numa terra onde nem sequer existia lavandaria ou as tão conhecidas "fish and chips", porquê a livraria?

A velha Old House foi a eleita para recebê-la, curiosamente assombrada por um também misterioso "rapper". Mas nem isso a demoveu. A livraria começou a funcionar em pleno, com o auxílio inesperado de Christine, miúda desembaraçada de 10 anos...

Quando Florence decide avançar com a encomenda de "Lolita" de Nabokov, os olhares não se desviaram da montra... nem as compras abrandaram e a caixa registadora nunca antes havia somado tanto dinheiro!


Mas afinal Hardboroug precisa mais de um Centro de Artes do que uma livraria... tal como na vida real, existem mentes pérfidas como a de Mrs. Gamart, que não poupa esforços para conseguir ocupar e substituir a Old House pelo tal espaço artístico.

Termina a aventura de Florence Green numa vila que nunca a mereceu, nem tão pouco aos livros que deu a conhecer ou que emprestou...

Há muitos sentimentos neste texto. Imagino que, ao abandonar a vila, Florence, terá experimentado a desilusão, mas nunca terá perdido a coragem de retomar o projecto noutras geografias. Quando as mentes são mesquinhas e as almas pequenas, não há espaço para a imaginação, para os livros, para as livrarias...

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