É para esses quadros que olho. É neles que me perco. Não em detalhes circunstanciais como o facto de, na adolescência, o pequeno Fernando ter chegado a andar dois anos numa escola para ‘matadores’ – mas era melhor no atelier com papel e pincel do que na arena com espada e capote.
Foi por essa altura da sua vida que se cruzou com um livro que lhe alterou o rumo. Teria uns quinze anos e abriu um livro de arte moderna. “Nem sabia que essa coisa chamada arte existia”, afirmou de memória. Muito mais tarde, já este mês, numa outra entrevista, diria: "O mais triste de morrer é não poder pintar. Parece que não nos deixam pintar lá em cima".
Enquanto não chega 'lá acima', lá para onde quer que ele acredite ir quando a morte o levar, Botero continua a inaugurar exposições por aí. Nesta altura está com uma individual no Centro Cultural Erico Veríssimo, em Porto Alegre, no Brasil. A seguir vem outra no Palacio de Belas Artes da Cidade do México. E a 19 de Abril, dia de aniversário, estará em Itália, para ser alvo de uma grande homenagem em Petrasanta, na Toscana, onde mantém uma residência.
Isto tudo se o vento dos tempos não arrancar páginas ao livro que ainda tenciona viver. Sobre livros, além daquela menção ao que lhe abriu os olhos para o mundo da arte, não encontrei outra referência. Mas encontrei uma frase bem interessante: "Nos meus quadros há coisas improváveis, não impossíveis". Vai ter que servir para encerrar este texto. Afinal, o interessante é mesmo contemplar as telas com livros dentro, não é?
P.S.: Caso queiram assistir a um video de Dezembro último sobre a arte de Botero com uma pequena entrevista ao próprio, encontram-no neste link.
http://www.castyourart.com/en/2011/10/19/fernando-botero-kunstforum-vienna/
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