sábado, 11 de fevereiro de 2012
O que diz a Morte - poema de Antero de Quental
Aos 49 anos desaparecia Antero de Quental. Com um tiro na cabeça, a 11 de Setembro de 1891.
Hoje deixo-vos o poema "O que diz a Morte."
"Deixai-os vir a mim, os que lidaram;
Deixai-os vir a mim, os que padecem;
E os que cheios de mágoa e tédio encaram
As próprias obras vãs, de que escarnecem...
Em mim, os Sofrimentos que não saram,
Paixão, Dúvida e Mal, se desvanecem.
As torrentes da Dor, que nunca param,
Como num mar, em mim desaparecem. -
Assim a Morte diz. Verbo velado,
Silencioso intérprete sagrado
Das cousas invisíveis, muda e fria,
É, na sua mudez, mais retumbante
Que o clamoroso mar; mais rutilante,
Na sua noite, do que a luz do dia."
in Sonetos
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