terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Mário Cláudio, José Manuel de Vasconcelos e Inês Pupo ganham prémios SPA - Sociedade Portuguesa de Autores

Acabam de ser anunciados os prémios da Sociedade Portuguesa de Autores.

Mário Cláudio recebe o prémio de melhor ficção narrativa com Tiago Veiga - Uma Biografia, lançado pela Dom Quixote.


«Tiago Veiga cresceu numa aldeia do Alto Minho em 1900, e nesse mesmo lugar viria a morrer em 1988. Bisneto pelo lado paterno de Camilo Castelo Branco, e só de muito poucos conhecido ainda, Veiga protagonizaria uma singularíssima aventura poética na história da literatura portuguesa. Apesar de se ter manifestado quase sempre refractário à publicação dos seus escritos, e mais ou menos arredio dos movimentos da chamada «vida literária», não falta quem comece a saudar em Tiago Veiga a incontestável originalidade de uma voz, e o poderio impressionante que lhe assiste.

A sua biografia, redigida aqui por Mário Cláudio que o conheceu pessoalmente, não deixará de configurar de resto matéria de suplementar interesse pela relevância das figuras com que Veiga se cruzou, e entre as quais se destacam poetas como Jean Cocteau e Fernando Pessoa, Edith Sitwell e Marianne Moore, Ruy Cinatti e Luís Miguel Nava, políticos como Bernardino Machado e Manuel Teixeira Gomes, pensadores como Benedetto Croce, e até simples ornamentos do mundanismo internacional como a milionária Barbara Hutton. A isto acrescerá a crónica de um longo percurso de viajante civilizado, e testemunha de vários acontecimentos significativos do seu tempo, o que, tudo junto imprimiria à sua existência, neste livro minudentemente relatada por Mário Cláudio, uma vigorosa espessura romanesca.
A obra de Tiago Veiga, da qual se publicariam postumamente três títulos apenas, e nem sequer os de maior importância, ficará a partir de agora mais aberta à curiosidade do grande público.

Bisneto de Camilo Castelo Branco, e autor de uma obra poética fragmentária, mas originalíssima, Tiago Veiga (1900-1988) constitui caso singular na literatura portuguesa. Europeu por vocação, e interlocutor de Fernando Pessoa, Edith Sitwell, Jean Cocteau, W. B. Yeats, Benedetto Croce, José Régio, Marianne Moore, ou Luís Miguel Nava, o homem aqui biografado ficará certamente como invulgar testemunha do século em que viveu.»


Na poesia foi distinguida a obra de José Manuel de Vasconcelos publicada pela Assírio & Alvim: A mão na água que corre.


«O ODOR DAS ALFAVACAS

Meu pai falava do odor das alfavacas
e eu corria ao dicionário («Planta labiada, semelhante
ao manjericão…»), logo decepcionado
Imaginava uma vaca primordial
depositária de bíblicos segredos
capaz de mudar o curso das coisas
de ser fundamental, talvez, na minha vida
mas nada disso: havia-as de caboclo, de cobra, dos montes,
do campo, de cheiro (certamente as do meu pai)
e nenhuma referência à cornuda que apascentava
a minha imaginação
Aprendi assim a desconfiar das palavras
e da realidade
a ver como ambas nos enganam
sem qualquer piedade»


Por último, A Casa Sincronizada de Inês Pupo, Gonçalo Pratas; e ilustração de Pedro Brito. Publicado pela Caminho.


«Imagine-se uma casa em que todos os habitantes estão sincronizados. Vivem inspirados pelo tempo — que é de todos. Têm confiança na vida, nas pessoas e no mundo. Imagine-se que a confiança é inabalável, mesmo quando tudo muda.

A Casa Sincronizada conta uma história musical de amor e mistério, que nos questiona a todos: perante o inesperado, como reagimos? O CD que acompanha o livro contém a história musicada e interpretada de forma original.»

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