quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

LembrO-mE de Ti


Lembro-me de ti sentado à chuva,
índio depois da guerra,
gotas de água a correr-te pelo corpo,
cavalos a galopar no mar.

Coração quieto.
Pulmões parados.
Braços pendurados.

Tinham-te ferido,
ah, se eu soubesse quem!

Depois deitado no chão,
perdeste os olhos nas nuvens,
água para afogar as mágoas.

Como se as mágoas se deixassem afogar!

E eu, por não te conseguir levantar,
sem mais saber o que às mãos fazer,
sentei-me no chão, ao teu lado,
e comecei alinhar o teu cabelo em desalinho.
Temos sempre que começar por algum lado.


8 comentários:

  1. Gostei do poema, todo ele balanceado imagéticamente, para o desfecho, encerrado, filosóficamente, na derradeira expressão, que significa a vontade de apnhar os "cacos" e, de novo, soerguermo-nos: "temos sempre que começar por algum lado"...

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    1. Pois é... no limite resta-nos apanhar os cacos... talvez tentando juntar um sorriso ao gesto :)

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  2. Parabéns Raquel :) Quem vai musicar esta pequena e bela canção??

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  3. Vejo as pessoas.
    Passam com a pressa do vento
    E a primazia do mar.
    Mostram-se fortes
    Mas passam seguramente inseguras.
    Passam seguramente em segundos,
    E depois são miragens,
    Ideias soltas
    Agarradas pela incerteza de um segundo encontro.
    Passam sem troca de afecto
    Quando no fundo são o nosso mais fiel ouvinte.

    P. L. M.

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  4. Cara Raquel,
    estar atenta ao Outro...
    com carinho...
    Belo!
    abs

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  5. Dom José, sempre atento e com palavras atentas... um beijinho :)

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