No quarto ao lado
alguém gemia,
não sei se de dor,
se de prazer.
O do terceiro,
adormeceu,
ao som granulado do televisor.
A do esquerdo acabou de chegar,
e caiu vencida sobre o sofá,
nem o cigarro apagou.
A do direito,
continua à espera.
Espera sempre acordada.
Em frente,
não havia por quem esperar.
Por baixo, continuavam a discutir.
nunca pararam de discutir,
palavras puídas de tão repetidas.
E sobretudo apenas o céu.
Era um prédio pequeno,
para tantas solidões.
Era um céu sempre cinzento.
Um céu cansado de ser cinzento.
Será que amanhã vai chover?
Pergunta-me a mim?
Sim, deve chover,
aqui, chove quase todos os dias,
para desgosto do jardineiro,
para alegria dos patos.
Cara Raquel,
ResponderEliminar..."para tantas solidões."
Bem "apanhado"!
abs