sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

A Claraboia aberta no blogue e os Cadernos abertos no Publico

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Aproveitando o sentido de oportunidade do jornal Público, passo aqui um pequeno momento publicitário. No mês em que escolhemos a última obra publicada de José Saramago para leitura no blogue como livro do mês, o Público vai iniciar a publicação dos Cadernos de Lanzarote a preços bem acessíveis.

Por se tratarem de dois tipos de obra incomuns à figura do Saramago merecem a atenção. Claraboia pelas diferenças de estética e construção literária, pelo tempo de gaveta que suportou e pela publicação pós-mortem e os Cadernos de Lanzarote por serem o quase diário de um homem escritor mas também politico, pai, marido. Diários que são sóbrios e não intrusivos q.b..

Depois disto voltamos ao livro que temos entre mãos. Neste post levantamos o véu um pouco mais sobre as personagens que habitam esta história.

Abel, o homem de 27 anos que recusa compromissos que o tornem "casado, fútil e tributável", à maneira do Álvaro de Campos de Fernando Pessoa, adivinham-se as angústias e interrogações do próprio autor. "Tenho a sensação de que a vida está por detrás de uma cortina, a rir às gargalhadas do nosso esforço para conhecê-la. Eu quero conhecê-la", diz Abel. Os diálogos entre Abel e o seu senhorio, o velho e sábio sapateiro Silvestre, constituem o nó central de uma história que se detém também na opressão dos homens sobre as mulheres - um tema recorrente em Saramago - desenhando personagens femininas inesquecíveis. Entre elas, curiosamente, há uma espanhola, Carmen, que se confronta com a versão inversa do ressentido ditado português ("De Espanha, nem bom vento nem bom casamento"), dado que trocou um potencial bom casamento em Espanha por um casamento desgraçado com um português. E há ainda Lídia, a mulher ostracizada por ser a amante de um homem de negócios - mas à qual um casal respeitável não hesita em pedir que interceda junto do amante para conseguir um emprego melhor para a filha. E há uma família de mulheres sozinhas (mãe, filhas e tia) costurando a sua sobrevivência ao som da música clássica da telefonia.

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