quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Do prémio Nobel da Paz Liu Xiaobo

A Revista Ler de Setembro traz este texto de Liu Xiaobo, dissidente chinês desde 2008, e que tem um livro recentemente chegado a Portugal pela Casa das Letras: Não tenho inimigos, Não conheço o ódio.

Liu Xiaobo foi prémio Nobel da Paz em 2010, "pela sua longa e não-violenta luta pelos direitos humanos fundamentais na China."


"As nações mais influentes do palco mundial devem prestar grande atenção ao facto de a ditadura chinesa já nada ter a ver com o totalitarismo tradicional ao modo do regime soviético; o Partido Comunista Chinês não adere ao confronto ideológico e militar, preferindo dedicar-se ao desenvolvimento da economia, a multiplicar amizades, prescindindo da ideologia, a empreender reformas de mercantilização e aplicar-se na assimilação do processo de globalização; por outro lado, no plano político, abraça o sistema ditatorial, aplicando todos os esforços na prevenção contra uma transição pacífica ao estilo ocidental. Está à vista de todos que a carteira, cada vez mais cheia, do regime chinês percorre o mundo com a sua diplomacia do dinheiro, tendo-se já tornado no balão de oxigénio de outros regimes ditatoriais; que o regime chinês, por via de negócios atractivos, mina a unidade ocidental; que usa o seu vasto mercado para seduzir e ameaçar o grande capital ocidental. Contudo, se a esta grande potência ditatorial, cujo poder económico rapidamente se fortalece, não se deparar, na sua ascensão ditatorial, uma força externa que a restrinja, se se continuar a insistir numa política apaziguadora, repetir-se-ão os erros da história, e o resultado será não só catastrófico para o povo chinês, mas afectará desastrosamente, também, o projecto de democratização e instauração da liberdade no mundo inteiro. Como tal, a fim de conter os efeitos adversos, para a civilização, da ascensão ditatorial é necessário que o mundo livre ajude as maiores ditaduras mundiais a converterem-se rapidamente em nações democráticas e livres."

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