segunda-feira, 29 de agosto de 2011

"livros de verão? Não conheço"

Luma Garbin partilhou esta opinião do Jornalista Eurico de Barros, ao Diário de Noticias, 20 de Agosto.

'Desculpem-me se sou snobe ou culturalóide, mas sempre embirrei com aqueles artigos, inquéritos a "personalidades" e dossiers que a imprensa gosta de fazer nesta época do ano, do género "Livros para o seu Verão", "Que livros vai levar nas malas este Verão?", "Os livros que não pode deixar de levar para a praia", e quejandos.
Isto porque sou uma ave (cada vez mais) rara, um tipo que lê livros 365 dias por ano, nem que seja um par de páginas por dia, nem que chegue a casa como se tivesse acabado de ser pisado por uma manada de cavalos selvagens, mesmo que me deite às tantas da matina. Dia em que me deite sem ter passado os olhos por umas páginas impressas não é dia. Por isso é que a ideia da cegueira é a que mais me aterroriza. Não poder ler nunca mais, horror supremo, pesadelo monstruoso!


O conceito de "livros de Verão" sempre me foi totalmente alheio, porque os livros, para mim, não têm estações do ano para serem lidos.

No tempo em que passava as férias grandes fora de Lisboa (e se eram grandes, três meses dava para ler muita coisa...) no campo, em casa da minha avó materna, ou então na praia, com a família, não me lembro de alguma vez ter metido livros na mala a pensar "estes são mesmo bons para ler na praia ou no jardim". Eram os livros que na altura me apetecia ler, e mais nada, fossem mais "sérios" ou mais "leves".
Quase tão mau como isto dos "livros de Verão", só aquela pergunta: "Que livros levaria para uma ilha deserta?" A minha resposta favorita é a do grande jornalista e escritor brasileiro Nelson Rodrigues: "O Manual do Construtor de Barcos".'

Eurico de Barros

4 comentários:

  1. Venho do blogue "Sobre o Risco", o título do seu post despertou-me a atenção!
    Também leio livros 365 dias por ano, portanto, os livros não têm estações.
    Todavia, reconheço que na praia com a areia e o mar é mais fácil ler livros "menos sérios", se houver uma nomenclatura como esta.

    Depois disto que disse apenas refiro dois livros que li na praia, "Contos" de Virgínia Woolf e "a solidão dos números primos" de Paolo Giordano.
    "A Boneca de Kokoschka" que apresenta no seu lado direito foi um livro que me tocou imenso mas não o li na praia.
    Desculpe a invasão e o longo comentário.
    Bom dia!

    ResponderEliminar
  2. Acho que é isso que se pretende reforçar: não há livros de verão, há livros para todo o ano. Talvez seja mais fácil ler algum tipo de livros na praia, não discordo. O grave é fazer-se uma campanha baseada nisso, dando razão à máxima que os portugueses só lêem uma vez por ano - precisamente nas praias. Isso é um mau incentivo à leitura. Os livros são para todas as ocasiões!

    ResponderEliminar
  3. Sempre senti o mesmo, apesar de ter mais tendencia para a poesia no Verão.

    ResponderEliminar
  4. Também leio o ano todo e, como o autor do texto, não se passa um dia sem ler algumas páginas antes de deitar.
    Concordo que conotar 'leituras de verão' como leituras mais leves ou menos sérios que seja errado, agora é verdade que muita gente só lê nas férias, quanto tem tempo e quando estão menos cansados. Cada um tem as suas prioridades e a leitura, para mim, está à frente de muita coisa.
    Eu por vezes escolho ler livros passados em determinada estação ou por vezes apetece-me reler um livro que me 'transporte' para uma estação ou altura do ano. Por exemplo ler um conto de Natal em Agosto ou no Inverno, não é a mesma coisa...

    ResponderEliminar