quinta-feira, 16 de junho de 2011

Uma parte de mim que hoje vos desperta

Uma parte de mim são livros
Uma parte de mim são letras
Uma parte de mim escreve enquanto a outra lê
Uma parte de mim ama o cheiro das páginas enquanto a outra lhes passa a mão sentindo texturas

A propósito das boas e das más leituras. A propósito do fim do período das feiras do livro em Lisboa e no Porto. A propósito dos editores e livreiros que mentem sobre os resultados das feiras porque têm medo da verdade. A propósito da hipocrisia e da incompetência que toma cada vez mais partes deste país. A propósito da cultura que já quase não é transformada em coisas mais glicodoces como lazer, desporto ou tempos livres.

De propósito com propósitos.
O jogo das palavras que todos os dias nos são impostas. A intoxicação dos termos. Crise, défice, macro e micro economias, FMI, BCE, Troika e destroika... parece que toda a gente sabe de tudo, sabemos de todas as matérias, das guerras, às doenças, aos desastres naturais e outros menos naturais e na economia e finança. No entanto no dia-a-dia os governos continuam a tratar-nos como imbecis.

É cultura oh parvo! Pois é... e anuncia-se o fim do Ministério da Cultura, anunciam-se coisas graves como se anuncia uns chuviscos no fim de uma tarde de Verão. No Porto durante esta semana decorre a Evocação ao Fazer a Festa - Festival Internacional de Teatro. Este ano sem dinheiro para o ser. Este ano a acontecer com muitos amigos que se juntam e oferecem trabalhos para que aconteça. Cortes a torto e a direito justificados na semana passada pelo Presidente da Câmara com um simples toque de requinte pacóvio. O que traz alegrias a esta cidade são as corridas de carros, porque as pessoas em tempo de crise precisam de boa diversão - crime disse ele. Pão e Circo tentou mas já nem para o circo há dinheiro!

Mas porquê falar de tudo isto num blogue de livros?
Teatro, música, cinema, tudo são livros. Partituras, textos, argumentos. No fim tudo são livros, somos livros. Resistimos, passam anos e anos, governos, politicos e militares, guerras e paz, levantam impérios e caem impérios. Nós e eles resistimos. Podem calar pessoas mas não calam um povo, podem pensar que nos adormecem mas haverá sempre alguém atento. Hoje este texto é esse grito.

Acordai!

2 comentários:

  1. BRUTAL!!! Oh Pedro adorei e tomará que não tivesse que ser assim. Ainda bem que ainda há gente com coragem para escrever assim.

    bjs*

    ResponderEliminar