segunda-feira, 16 de maio de 2011

This is the end... my friends (para já)

Está feita então mais uma Feira do Livro em Lisboa. Agora já com caixotes prontos e embalados e pavilhões prestes a serem transportados para o Porto, para a Feira que começa dia 26 deste mês é altura de fazer alguns balanços. Vale sempre o que vale estes tipo de percepções. Uma coisa é certa, em conversa com o senhor que vende gelados no Parque Eduardo VII ele disse-me que em relação ao ano passado estava a perder cerca de mil euros - em gelados é muito dinheiro. No geral e em conversa de corredor com outros livreiros e editores a ideia anda em quedas que oscilam nos 50% a 60%. Não sei como será a resposta oficial. Nos últimos anos fui ficando a percepção que a APEL nunca sabe muito bem como calcular estas coisas e como não existe nenhum controlo, que esse sim devia ser obrigatório, sobre as vendas dos associados a coisa ficará ao critério de cada um. A APEL calcula estimativas de visitantes. Sejam daqueles que passam a correr, literalmente, porque o fazem no Parque. Seja dos tantos e tantas que vi este ano nos fim-de-semana a passearem de fartura e gelado na mão mas sem um único livro contarão para estes números mágicos.

A grande questão é saber se este é mesmo o ano em que se assume que este sector, e falando sempre fora das livrarias e das vendas anuais. Se este sector assume este ano que na Feira as coisas não correram assim tão bem. No ano passado por menos dias maus prolongou-se mais uma semana a duração da Feira, este ano nem rumor disso. Que balanço foi feito dessa semana no ano passado? Sabem as pessoas, os visitantes o que foi cobrado às editoras pela semana extra? Vale a pena reajustar os calendários da Feira? Voltaram a surgir defensores de uma mudança de local para o coração mais central da cidade, esse debate será feito?

Ontem mais uma vez as últimas horas foram de puro descontrole. Ao jeito dos mercados bolsistas os preços caíram e os descontos foram feitos na derradeira vontade de esgotar stock e ter alguma liquidez. Não estou a falar de livros manuseados ou de restos de colecção. Mais uma vez as infracções ao dito regulamento da Feira e mais grave à lei do preço fixo que tantas comichões tem feito nos últimos tempos. Algumas livrarias agradecem quando fizerem as devoluções e facturarem isto junto com as remessas que fazem durante o ano todo.

Entre livros e caixotes e desmontagens há uma coisa que nos salta à vista, de um lado mega empresas com recursos tremendos capazes de gastar orçamentos em publicidade e marketing que equivalem a orçamentos inteiros de outras editoras. É cada vez mais uma feira de grupos comerciais enfeitada com uns resistentes no meio.

Foi assim mais uma Feira, apesar do cenário, há sempre coisas boas. Os colegas, os visitantes, os leitores fiéis, as conversas e esta nova experiência de uma espécie de diário da Feira aqui no blogue.

Até ao Porto, boas leituras!

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