segunda-feira, 23 de maio de 2011

Revista Ler n.º 102

Há um aspecto que pode ser mal interpretado em Lídia Jorge: faz capa na revista ler de Maio dizendo que vende 'a Alma por um livro' e, em entrevista dada ao público no dia 21 já 'venderia a alma por uma página.'

A escritora explica e desfaz a dúvida: “Fiquei muito surpreendida quando vi este título, foi como se fosse uma espécie de choque, porque eu não tinha ideia de a ter dito, mas na verdade, disse-a. Disse-a e ela resume a minha vida. Possivelmente, resumirá a vida de todos os escritores que fazem da escrita o seu meio de viver existencial, não falo do viver material, falo do viver anímico, interno, pessoal” - a propósito da frase 'Vendo a Alma por um Livro'. (in Público - 21.05)

Neste mês, uma pequena entrevista a J. Rentes de Carvalho. Nela é possível perceber a razão porque o escritor divide a sua vida entre Amesterdão e um pequeno refúgio em Portugal - Estevais de Mogadouro.

José Mário Silva fala da sua participação no primeiro encontro do Festival Literário da Madeira onde deixa um cheirinho ao resumo que faz mais à frente do livro 'sensação' no mundo literário - 'Contos Carnívoros' de Bernard Quiriny.

Rogério Casanova faz um trabalho interessante ao imaginar personagens famosas dos livros como potenciais ministros de um próximo governo: Capitão Ahab como Primeiro-Ministro, Dr. Victor Frankenstein como Ministro da Ciência e da Tecnologia ou Josef K. (O processo, Kafka) como Ministro da Justiça.

Casanova faz boa publicidade ao livro recentemente editado pela Dom Quixote - Os Budden Brook de Thomas Mann. Acho que fiquei convencido e vou comprar este romance de 'quatro gerações de uma decadente família burguesa de Lübeck', 700 páginas.


Francisco Belard intitula a sua crónica com 'Porquê escrever?'. Pergunta que merece várias respostas, das mais práticas - 'Porque gosto', Umberto Eco - às que expressam prazeres - 'perversa fruição das palavras', Barthes.

A não perder a entrevista a Howard Jacobson, novo Man Booker Prize 2010, que afirma: 'Peço desculpa, mas estou a gostar de ser uma estrela'. Acrescenta: 'Pensei que ia dar-me os parabéns pelo prémio. Ainda bem que é pelo livro.'

Nas últimas páginas, o destaque vai para mais um herói dos «livros ilustrados para adultos», Shaun Tan - o australiano filho de pai chinês.

Por fim, a animada crónica de Onésimo Teotónio Almeida - 'luso-brasilês'. Nela conta algumas histórias das nossas incompreensões entre irmãos: 'Ah! Onésimo você fala como Eça de Queirós!'. Ou esta, mesmo a terminar: 'No meu grego elementar, pedi, paguei e entreguei ao brasileirito que, de cara espantada e gelado na mão, se virou para mim e no tom mais nonchalant perguntou: «Como é que'cê falou p'ra ele aquela bobagem e ele entendeu sorvete?»'

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