segunda-feira, 25 de abril de 2011

O velho diálogo entre o Crente e o Não Crente

Uma discussão a que assisti e partilho:

Rodrigo Ferrão: 'Tolerância de ponto?? Hoje entro às 16h e saio às 00h...'

Nuno Paz: 'Alguém tem de trabalhar para pagar as tolerâncias de ponto...'

Nuno Paz: 'Trabalho o possível, gostava de trabalhar mais, mas não posso obrigar as coisas a crescer. Hoje já fui apanhar favas para o almoço, à tarde vou recolher assinaturas, para a lei contra a precariedade, de certo modo vou estar a ajudar-te. Força...'

José Alberto Ortigão: 'anda um gajo aí a trabalhar e com o país de tanga, os funcionários públicos têm tolerância de ponto hoje de tarde. Vergonha.'

Nuno Paz: 'Uma tarde = 20 000 000 + 2 feriados = 860 000 000 = 880 000 000. Então ninguém acusa a merda da igreja católica?!? Estamos num Estado laico...'

José Alberto Ortigão: 'a culpa não é da igreja, que não é merda coisa nenhuma. A culpa é da hipocrisia dos políticos que não são coerentes. Aproveitam a igreja só para o que lhes interessa.'


Nuno Paz: 'Sim, porque a merda da igreja não é nada hipócrita e exploradora, coitadinha da igreja...'

José Alberto Ortigão: 'Se não fosse a "hipócrita" e "exploradora" Igreja, simplesmente não haveria nem metade das IPSS que actualmente existem nem os fundos diocesanos de emergência social que felizmente impedem muitos de ficarem na miséria graças à incúria de uns políticos que esses sim não querem saber dos mais necessitados para nada. A hipocrisia não existe só na igreja. Infelizmente é transversal a toda a sociedade. Admito que é uma instituição com falhas, mas seguramente falha muito menos do que os burros dos nossos políticos que só pensam em encher o papo. Quem insulta desta forma, não sabe do que está a falar, não conhece o lado bom da instituição e só julga pelo que ouve dizer. É muito fácil criticar, criticar, mas reconhecer o lado bom ninguém reconhece. A tristeza do costume. Felizmente, a Igreja que eu conheço e que não é merda nenhuma preocupa-se com as pessoas. Portanto, antes de vires para aqui insultar o bom nome das pessoas, informa-te um bocado.'

José Alberto Ortigão: 'que lata do caraças... anda um gajo em instituições a ajudar quem mais precisa e ainda tem que ouvir estes comentários . Não há dúvida que insultar é fácil. Ainda no dia de hoje os cristãos são convidados a darem-se em jeito de serviço aos outros e anda a outra metade a deitar tudo abaixo. Francamente!'

Nuno Paz: 'Eu também ando a ajudar em instituições, todas elas laicas e com defeitos. Conheço as igrejas a que vou tendo acesso, melhor do que desejava até. Conheço a infeliz e abjecta história e até alguns progressistas, conheço muitos vícios e as virtudes que servem para as perpetuar. Conheço o ódio reciproco e o desrespeito pela cultura das outras (a ânsia de evangelizar) , vejo de fora o ridículo em que caiem as religiões, defendendo o indefensável. Sem a presença desse ópio entre nós, não teríamos a necessidade de tanta IPSS,etc, mas enfim dogmas não se discutem não é?! Digam que a igreja remenda o mal que foi e vai fazendo através da caridade, aceito. Não me digam que a igreja é fiche e merece uma maiúscula...'


José Alberto Ortigão: 'Eu sei que a Igreja tem falhas. E sei que alguns padres não dão o exemplo que deveriam dar. Também sei que para muitas pessoas, sem o saberem, a religião tem o único propósito de garantir a felicidade na vida. Quanto à ânsia de evangelizar, ela já foi muito mais marcada em outros tempos e pelas piores razões. Hoje em dia a grande evangelização é o testemunho e a coerência de vida. Não estou a dizer que toda a gente o faça. Só estou a dizer que esse é o caminho que é proposto actualmente. Esse ópio é para mim uma necessidade humana de contemplar o transcendente, que para muitos pessoas está na pessoa de Jesus Cristo. A Igreja é, digamos, uma intermediária com os seus defeitos graves e com as suas virtudes porque é feita de pessoas que não são perfeitas. Com isto não estou a desculpar. Só estou a dizer que os critérios humanos não são muitas vezes os do nosso fundador. Quem me dera a mim que não houvesse defeitos na Igreja. Mas já que estou nesta organização, ao menos que se valorize o bom trabalho que ela faz. Com perfeições e imperfeições vamos fazendo o nosso caminho. Enfim...boa Páscoa, seja lá o que isso significar para ti. Um abraço.'

Nuno Paz: 'Sigo o meu caminho, procuro o melhor para todos, sou feliz com as coisas simples, não preciso de Deus para isso, ele não me traz respostas a nada que nos transcende, simplesmente porque não vem. Para mim é um feriado, gozo mais o 25 de Abril. Boa Páscoa para ti, não comas muitos doces.'

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