terça-feira, 12 de abril de 2011

Mocidade, Joseph Conrad

Li 'Mocidade' ainda antes da grande obra de Conrad, 'O coração das Trevas'.

'Isto só podia acontecer na Inglaterra, onde mar e homens se misturam, digamos - onde o mar entra pela vida da maior parte dos homens e os homens sabem qualquer coisa ou tudo sobre o mar através do seu lazer, das viagens ou do pão de cada dia.'

Assim começa esta maravilhosa narrativa.

Aníbal Fernandes, tradutor e autor da introdução deste livro ('Gato Maltês' da Assírio), conclui o seguinte:

"Compramos um livro de Conrad e o que retemos não é aquela onda gigantesca que partiu tabiques e arrastou marinheiros; não é aquele pôr-do-sol ou aquele incêndio em pleno mar; é antes a grandeza que o homem revela a enfrentar a onda, em ser corajoso, bom, fiel, num universo indiferente e perigoso." "Ter coragem", "ser bom", "ser fiel", expressões simplificadoras e moralizantes de uma virtude mais oculta e fugidia; pois se há "coragem" nas acções criadas por Conrad, se há "ser bom" e "ser fiel", nunca se lhes pega o triunfo exemplar na batalha contra as forças adversas, antes a redutora evidência de um esforço inútil, quando não da morte, que será sempre destituída de heroísmos, quando muito lamento de outros tempos, os da mocidade — únicos poupados pelo Mal do mundo."


É uma história de ironias. Um jovem leva a Oriente uma carga de carvão, numa embarcação velha. Está determinado a conquistar o mundo pelos mares (ou pela imaginação?), mas o navio arde em plena viagem.

Os seus sonhos do Oriente e as expectativas que criou parecem desvanecer-se perante a catástrofe... No entanto, acaba por chegar a terra, como naufrago. Exausto, adormece na praia, perante a contemplação do novo continente.

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