quarta-feira, 16 de março de 2011

O deus das pequenas coisas para conhecer melhor a Índia

É uma obra plena de detalhes. Muitos pormenores. Muito fácil de visualizar a acção visto a autora descrever tudo e todos, como se de poesia se tratasse. É preciso tempo para ler este livro, tal como o livro deste mês no blogue. A narrativa, tal como a vida, vai-se desenrolando enquanto o tempo passa e deixa as suas marcas.

"O Deus das Pequenas Coisas" é a história de três gerações de uma família da região de Kerala, no Sul da Índia, que se dispersa por todo o mundo e se reencontra na sua terra natal. Uma história feita de muitas histórias. As histórias dos gémeos Estha e Rahel, nascidos em 1962, por entre notícias de uma guerra perdida. A de sua mãe Ammu, que ama de noite o homem que os filhos amam de dia, e de Velutha, o intocável deus das pequenas coisas. A da avó Mammachi, a matriarca cujo corpo guarda cicatrizes da violência de Pappachi. A do tio Chacko, que anseia pela visita da ex-mulher inglesa, Margaret, e da filha de ambos, Sophie Mol. A da sua tia-avó mais nova, Baby Kochamma, resignada a adiar para a eternidade o seu amor terreno pelo padre Mulligan. Estas são as pequenas histórias de uma família que vive numa época conturbada e de um país cuja essência parece eterna. Onde só as pequenas coisas são ditas e as grandes coisas permanecem por dizer.

Arundhati Roy é a autora de O Deus das Pequenas Coisas, vencedor do Booker Prize em 1997, além de vários ensaios e argumentos. O seu papel como activista em torno das questões ligadas à justiça social e desigualdade económica valeram-lhe, em 2002, o Cultural Freedom Prize, concedido pela Lannan Foundation. Vive em Nova Deli. Roy tem a coragem de ser uma voz subjectiva que fala de coisas objectivas, um desvio na arena de frases feitas e lugares-comuns do politicamente adequado, do politicamente correcto. Quer se odeie quer se ame, é uma daquelas pessoas que são mesmo necessárias ao mundo.

2 comentários:

  1. É um livro muito interessante.
    Vale a pena ler.
    Isabel

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  2. Obra linda. Densa, cheia de detalhes, linda, poética, inteligente e humana. Impõe ao leitor atenção redobrada, como quem se propõe a juntar um quebra-cabeças. Uma obra em que o leitor que se pega dividido entre a narrativa em si e a beleza com que é escrita, que se encanta com os personagens, se perde e se encontra entre a belíssima sucessão de narradores e os tantos mundos e medos que apresentam ao leitor. Uma obra que, como poucas, divide o mundo entre o antes e o depois dela. Uma obra para ler e reler sempre, para renovar a grandiosidade das nossas pequenas coisas e nossos pequenos deuses.

    M.Mira
    melbiamira@yahoo.com.br

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