terça-feira, 8 de março de 2011

A 'minha' casa de papel...


'É possível que me encontrasse sob o efeito de uma frase do prólogo daquela edição que não conseguia entregar e se tornava cada vez mais inquietante. Conrad, nas suas viagens, não conhecera Montevideu, mas para refutar uma chave fantástica da sua narrativa, afirmava: «O mundo dos vivos encerra por si só bastantes maravilhas e mistérios; maravilhas e mistérios que actuam de modo tão inexplicável sobre as nossas emoções e a nossa inteligência que tal quase bastaria para justificar que se possa conceber a vida como um acto de magia.»'

Não quero contar muito a fundo a história deste livro. Mas focar toda a atenção no pormenor espantoso de uma das personagens: o bibliófilo que constrói a casa na praia.. É ele que transforma a narrativa em pura magia.

Imaginem alguém que resolve construir uma casa com a sua própria biblioteca. Os tijolos são os livros. Tudo numa praia... Livros e cimento. As grandes obras são as paredes do seu abrigo.


'Ao longo dos anos vi livros destinados a equilibrar a perna coxa de uma mesa; conheci-os convertidos em mesas de luz, dispostos em forma de torre e com um pano por cima; muitos dicionários passaram a ferro e prensaram mais objectos do que as vezes em que foram abertos, e não poucos livros guardam, dissimulados nas estantes, cartas, dinheiro, segredos. As pessoas também mudam o destino dos livros.'

Mas mudar o destino de uma biblioteca e transformá-la numa casa?

Quero agradecer à Cristina Correia esta escolha e a análise que nos apresentou. Foi mais um livro para apaixonados por livros. Encheu este mês de alegria!

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