quinta-feira, 17 de março de 2011

Lyn-Kopo

De seu verdadeiro nome Jorge Costa, este boémio estudante da Coimbra dos anos 50, inspirou gerações e gerações de pessoas que viveram ou simplesmente passaram pela Real República Boa-Bay-Ela.

Como antigo habitante, não posso deixar de fazer uma pequena homenagem. Não o conheci pessoalmente, morreu no dia do meu oitavo aniversário, a 10 de Janeiro. Foi um homem extraordinário dentro do género 'malandro'.


Ser sempre criança

Fiquei criança em coisas de emoção,
Embora pese em mim já certa idade!...
O sonho, esse ideal de mocidade,
É que me faz bater o coração!...

Embora já não seja casto e são,
Nem mesmo tenha mais simplicidade,
Sou infantil, sou jovem de vontade,
Tenho caprichos, com ou sem razão!...

Podem de mim dizer ou mal ou bem,
Que a tal não vou quebrar a minha lança!...
Sou como sou e aceito o que me vem,

Agradecendo o sonho que se alcança!...
Se é bom ser jovem, não será, também,
Envelhecer, morrer, sempre criança?!...


Ser artista

Eu sei que ser artista em nossos dias
Não é tarefa fácil, nem rendosa.
Mas quando a vida em nós é talentosa
Até do pó se fazem abadias!...

Se corre em nossas veias sinfonias
Se jorra em nossas mentes boa prosa
Se pulsa em nossos peitos cor formosa,
Também das ilusões se faz poesias!...

Tudo é pretexto!... É tudo inspiração
Quando elevado vibra o nosso ser!...
Tudo é romance, é luz, é construção.

De belas catedrais, de arte a valer,
Quando a ferramenta é o coração
E o próprio sangue a tinta de escrever!...


Fama

Subi!... Tão alto andei, que a fama e a glória
Me cobriram com seu manto doirado!
Tais coisas fiz que fui considerado
Merecedor das palmas da vitória!

Ficou meu nome em páginas de história!
Por muita gente fui eu admirado!
Tive amigos, cartaz, fui festejado,
E até fiz um livro à minha memória!

Mas de tão alto, um dia, tombei
E vim caindo até a baixa lama!...
Dizem que nada fiz, que nada sei,

Que vivi de ilusões de triste fama!...
Que importa, se aprendi no que eu amei
A compreender a vida mais humana!

2 comentários:

  1. Gostei particularmente do primeiro poema.
    Identifico-me com ele.

    Isabel

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  2. Isabel,

    O primeiro poema tem uma dimensão humana muito apreciável.

    Também me identifico!

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