sábado, 5 de março de 2011

"A Casa de Papel"

Este é um livro que nos fala de como um grande amor por livros se transforma numa obsessão a levar quase à loucura.

Fiquei fascinada com a descrição da biblioteca de Delgado - "deparei-me com vitrines... atestadas de colecções, prateleiras giratórias que, nos corredores, sustinham grandes dicionários, discos de vinil que abarrotavam os armários, livros na casa de banho, no quarto de serviço, na cozinha, nos quartos do fundo" e da forma como a sua leitura o conduz ao "aparato de notas" e assim ao entendimento daquilo que lê. E é com esta personagem, que conhecemos o enigmático Carlos Brauer - "leitor compulsivo", cujos livros nunca fugiam a anotações, para grande desespero de Delgado, da sua aquisição constante, da feitura de um ficheiro e da sua destruição quando, numa "noite, excedeu-se no vinho, outra boa companhia, ainda que perigosa, e esqueceu-se do candelabro em cima" do mesmo. A perda do arquivo, parte queimado e parte estragado com água, conduz-lo rapidamente à loucura.... tomando a bizarra decisão de construir uma casa numa "franja de areia entre a lagoa e o mar" e cujos materiais de construção, em vez de cimento e tijolo, são os livros, os incontáveis livros que possuíra.

Acabará por ser uma morte de uma mulher, de nome Bluma, e um livro de Joseph Conrad - "A Linha de Sombra" - a despoletar todo o desenrolar da acção.


O que me cativou nesta pequena obra foi o fascínio que os livros exercem, os sentimentos que suscitam, as paixões que provocam, as feridas que nos deixam, a ordem como são arrumados e protegidos, o escutar de uma música que acompanha a sua leitura, a luz que incide nas letras e o que de mais extremo podemos fazer com eles.

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