quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Ao fechar o livro o sonho começa


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"Talvez não haja na nossa infância dias que tenhamos vivido tão plenamente como aqueles (...) que passamos na companhia de um livro preferido. Depois que a última página era lida, o livro tinha acabado. Era preciso parar a corrida desvairada dos olhos e da voz que seguia sem ruído, para apenas tomar fôlego, num suspiro profundo." - Marcel Proust

Todos nós, leitores apaixonados, temos algumas dessas lembranças especiais. Quando vasculhamos a nossa memória em busca de nossas lembranças de leitura, descobrimos que várias delas estão associadas ao prazer e à felicidade de ouvir uma história. À medida que crescemos e continuamos a ter experiências positivas de leitura, aprendemos que o universo ficcional pode ser não só um refúgio importante para as adversidades da vida, mas principalmente um espaço de reflexão e de descoberta, no qual aprendemos a lidar com essas adversidades. O resultado da leitura, permanece associado a sentimentos “positivos” como a alegria, a esperança ou o alívio trazidos pela ficção. Essa evocação de muitas emoções tende a ser mais imediata se nos tornamos leitores assíduos de poesia, onde a palavra ganha uma dimensão emocional maior.

Quando, enquanto leitores nos voltamos para a fruição dos textos estamos a usar o livro como um alimento para a imaginação. Quando, porém, procuramos ou lemos um texto para recolha de informações sobre o contexto estético, cultural, social e político em que foi escrito, estamos a fazer valer o seu poder de expandir a nossa memória, a abertura de portas para o passado, que nos põe em contacto com outros seres humanos, que registaram para a posteridade os seus sentimentos e convicções, a sua visão do mundo.

Enquanto guardo e mexo os livros de um lado para o outro, apertando aqui e ali nas prateleiras onde acaba sempre por haver espaço para mais um, faço milhares de associações, a lugares, a pessoas. Livro a livro, livro a livro, livro a livro. Passaria assim dias e noites. Desligado do mundo.

2 comentários:

  1. Que bonito, Pedro.

    Obrigado por fazeres parte da minha vida.

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  2. Um filme que é uma ternura.
    O colorido em que a vida cinzenta se transforma, perto dos livros!

    Isabel

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