terça-feira, 1 de março de 2011

Ágape, agonia; William Gaddis

'Ágape (em grego "αγάπη", transliterado para o latim "agape"), é uma das diversas palavras gregas para o amor.'

'Agonia é o conjunto de fenómenos que anunciam a morte (do grego agonia = luta; entende-se luta "contra a morte").'


Do prefácio de Rodrigo Fresán abrimos a história: 'Jack Gibbs, figura do elenco de JR e narrador de Ágape, Agonia, dirige-se a nós do seu leito de morte e não é um narrador feliz. O seu corpo atraiçoou-o, e o mundo é uma merda e está dominado por tecnocratas.'

Quando damos início à leitura, não vemos mais um parágrafo. A angústia do narrador passa a ser a nossa. A velocidade de pensamento é estonteante. Sucedem-se episódios da vida presente misturados com citações, autores, músicos, pensamentos... É fácil perdermos o fio à meada.

Não há muita pontuação. O ritmo não pára: 'Tinha-o aqui algures não consigo encontrar o outro livro arranjei o lápis não tive tempo para o anotar e estou cada vez mais confuso mas é disto que se trata é esse o cerne da questão não o posso esquecer, não o posso esquecer agora porque até aqui tinha a coisa mal encadeada ainda bem que não passei a escrito tudo aquilo sobre a autenticidade e a interpretação perfeita de que ainda agora estava a falar, a linha melódica que não podia ser imitada mecanicamente porque era sim na Alemanha sim, onde mais poderia ser?'

O narrador tem pressa para acabar o livro que escreve. Tal como o autor (William Gaddis), sabe que os seus dias estão a chegar ao fim.

Tive que pousar o livro diversas vezes. Mas o seu estilo atraiu-me. E a ele regressei. No entanto, não é livro que vos diga trazer alegria. Mas nem sempre tem que ser assim...

Apanhei muitas citações. Deixo uma que Gaddis partilha, de Flaubert: 'o artista deve estar tão ausente da sua obra como Deus da Natureza, o artista deve levar a posterioridade a acreditar que ele nem sequer existiu.'

Sem comentários:

Enviar um comentário