terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Lost in translation no livro “Lost Japan” de Alex Kerr

Imaginem escrever algo em japonês e em seguida, tentar traduzi-lo para inglês e descobrir que não podem/ conseguem fazê-lo. Os textos são originalmente escritos em japonês como uma série de artigos para a revista Shincho 45. Em jeito de ensaio autobiográfico descrevem uma série de experiências vividas pelo autor desde 1964, altura em que chegou ao Japão, ainda muito jovem, acompanhando o seu pai que servia nesse país o exército norte-americano. Em 1993, ganham a forma de um livro e este acaba por ganhar o prémio de literatura Shincho Gakugei em 1994 (o primeiro atribuído a um estrangeiro). Mais tarde, traduzido com a ajuda de Bodhi Fishman, para inglês e em 1996 a Lonely Planet publicou esta versão com o título “Lost Japan”. Kerr é formado em Estudos Japoneses e Chineses pela Universidade de Yale e Oxford, respectivamente e esteve envolvido na criação de colecções durante a maioria do seu tempo no Japão. 


Através do processo de tradução, parece que Alex Kerr descobriu ainda mais do que uma única cultura japonesa. Escrito com base na experiência quotidiana de 30 anos de vida, o leitor é conduzido num passeio aos bastidores dos ícones culturais do país. O livro explora as diferentes facetas culturais de Alex Kerr, a amizade com os actores Kabuki, a compra e venda de arte, estudo da caligrafia, explorando templos raramente visitadas e santuários. Fascinado pela cultura não se deixa nem cair no erro comum de comparação com as culturas ocidentais onde os padrões são demasiado diferenciados para tal. Por outro lado o autor faz uma critica ao modelo actual de vida no Japão e às mudanças radicais, sem entrar em nostalgia e revivalismos exagerados evocando tempos idos. O resultado é um livro acessível e interessante sobre o dia moderno no Japão, visto por um estrangeiro ao mesmo tempo quase nativo.

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