quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Bibliotecas Cheias de Fantasmas são bibliotecas cheias de histórias para contar

Jacques Bonnet é tradutor, editor, escritor e historiador de arte. Para além disso é também um bibliófilo e é considerado uma referência no que diz respeito a livros raros e alguma da teoria da literatura. A par da sua actividade profissional mantém uma biblioteca de mais de 40 mil exemplares.

O livro “Bibliotecas Cheias de Fantasmas”, que nos chega a Portugal numa edição da Quetzal, é um ensaio em jeito de meditação sobre os livros, os leitores e as bibliotecas, escrito por alguém que vive no meio de livros. Numa época em que a importância dos livros e a sua utilização como objecto, tal como os conhecemos desde sempre, levanta um dos maiores desafios de sempre quer para o objecto em sentido estrito, quer para o papel mais lato de meio de comunicação e divulgação. O desafio e a tentação sedutora de uma internet cada vez mais capaz de agilizar a comunicação entre pessoas que se acabam por fechar sobre si mesmas rodeadas e absorvidas pelas redes sociais online. O espaço diário e de quotidiano que as televisões continuam a ocupar no tempos livres e de lazer e a quantidade de outras plataformas de entretenimento que surgem todos os dias e cada vez com mais capacidade para simular cenários de vida que se assemelham a uma perfeição cada vez mais inatingível nas nossas vidas.


Se escrever um livro é já um acto de coragem, escrever um livro sobre livros parece ser ainda mais arriscado. A esta altura vale a pena fazer uma nota um pouco à parte. É verdade que se publica muito em Portugal, muitas das vezes sem grande critério ou populando as prateleiras das livrarias com edições pagas pelos próprios autores, nem sempre primando pela qualidade. O aumento da implantação das grande redes de livrarias que acabam por arrasar o mercado dos pequenos livreiros e as relações entre editores e livrarias. O papel  do livreiro, daquele que lê e dá a ler, daquele que conhece os catálogos das editoras e que faz escolhas para as prateleiras da sua loja/ livraria não utilizando só como critério os ditos comportamentos do mercado ou sujeitando-se às ditaduras dos best-seller e dos livros com capas de encher o olho. Bonnet faz isso, leva-nos para um caminho de conhecimento dos livros com os livros. Encaminha-nos para uma viagem que parte dos livros e das histórias sobre livros, parte da sua biblioteca abrindo as suas portas aos leitores.

Escrever sobre livros que falam sobre livros é sempre uma tarefa difícil. Tanto para criticar e mesmo até de conseguir escrever. O desafio é esse, após a leitura deste livro.

1 comentário:

  1. Desafio extremamente interessante. Não tenho dúvidas que temos matéria para longos debates!

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