terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Marina, marina...

A jornada de Outubro fica fechada. O livro de Novembro (de Laxness) está nas bancas para ser discutido e, para Dezembro, está quase a sair novo escritor e mais um tesouro...

É 'tradição' dar uma opinião sobre as escolhas dos meus convidados e, não fugindo a ela, comento o livro que o Diogo Martins nos trouxe.

'Marina' de Zafón mantém-se ao estilo do escritor. Fugindo, ainda, da mágica muito própria de 'A sombra do Vento', mas fiel a uma maneira de estar na escrita: a quase adjectival 'escrita que prende'.

É impossível não tirarmos os olhos dos livros do escritor. Os cenários são sempre muito bem conseguidos, com o excelente pano de fundo da cidade condal. Saltar de pedra em pedra pelas ruas de Barcelona parece ser a grande fórmula de Zafón.


Quanto à história, um misto de thriller e policial, com toques de mistério e fantasia. As duas principais personagens são (espanto meu) duas crianças. Dotadas de um enorme espírito de aventura, Marina e Óscar Drai - rapaz que escapa constantemente do internato - entram na pele de detectives.

Uma grande viagem a outros tempos na vida de Barcelona, à misteriosa história de um homem que veio de leste e fez uma enorme fortuna na cidade. Ao seu desaparecimento - que deixou muita coisa por explicar - e de tudo que se encontrava à sua volta.

Pelo meio, descobertas macabras, assassínios, marionetas que ganham vida... Muita acção, a um ritmo alucinante.

Zafón conta uma história muito diferente dos restantes romances que lhe trouxeram fama em Portugal. Esta nada tem a ver. No entanto, está bem conseguida. Longe de ser uma referência extraordinária, de ser um livro que esteja dentro dos meus preferidos. Mas entreteve-me. Lê-se bem e rápido. O escritor consegue prender.

Deixo, por fim, uma frase: 'Pintar é escrever com a luz (...). Primeiro deves aprender o seu alfabeto; depois a sua gramática. Só então poderás ter o estilo e a magia.'

Foi o livro de Outubro. Obrigado ao Diogo. E até qualquer livro...

1 comentário: