quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Há uns meses escrevia isto...

Foi há uns meses que lancei uma conversa privada com um amigo dos livros, sempre atento e presente...

Hoje partilho, com a certeza que passo uma mensagem! É sobre uma forma de estar na vida...


'Sabes, há uma coisa no mundo que me preocupa mais do que todas as outras: quando avaliamos as pessoas pela rama. Quando nos fechamos em copas a viver o egoísmo das nossas próprias vidas.

A certeza de partilhar o melhor que temos é, sem dúvida, a maior missão que nos move. Com as falhas próprias da inquietude humana, com todas as limitações físicas e intelectuais que, por vezes, nos deixam as botas com os cordões mais difíceis de desatar.

O tempo urge. Anda e não perdoa. O passado foi, o presente é e o futuro pode ser. Incerto como o tempo que fará daqui a precisamente um ano.

Um emprego é um sustento. É uma forma de contribuirmos para a sociedade. É algo convencionado pelo homem, algo pelo qual se luta. Quem não luta é marginal ou muito rico. Ou então é totalmente incapacitado, talvez muito doente.

Os livros são como a droga que nos consome e corrói por dentro. Eu não gosto apenas de ler. Adoro sentir o papel, cheirar uma velha edição, apaixonar-me por uma capa ou saber que alguém se prepara para lançar mais um.

É raro encontrar alguém assim, mesmo neste negócio. Como tu sabes, há pessoas no ramo que não se preocupam em ler muito. Desconhecem o que vendem. É indiferente vender aquilo ou peixe na lota.

Aqui critico o modo de estar na profissão, não a legitimidade para se ser como é. Isto porque é legítimo ser-se assim e, como qualquer um, fazer um bom trabalho. Não é o meu modo de estar nem o teu, nós entregamo-nos de corpo e Alma.

Está-nos no sangue e é algo que não conseguimos disfarçar...'

1 comentário:

  1. Um bom livreiro tem que amar ler livros, assim como um bom professor tem que amar ensinar e um bom jardineiro tem que amar as plantas. Infelizmente, não é isso que vemos, porque hoje em dia só os sortudos podem escolher no que trabalhar. Mas o mundo seria certamente melhor se as pessoas trabalhassem naquilo que gostam, ou se gostassem daquilo em que trabalham. Ai se não seria ...

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