sábado, 6 de novembro de 2010

A doença dos livros

Há pessoas com a doença dos livros? Primeiro deixem-me tentar aclarar o conceito. Falo, por exemplo, do meu Pai. Por mais livros que tenha, não pára de mandar vir mais. Vivo numa casa com milhares e milhares de livros.

O escritório tinha duas janelas. Agora, as janelas viraram estantes. Na entrada temos livros, na sala de jantar, nas escadas, na sala de estar, nos quartos, corredores... Nasci neste mundo.

Por isso não estranho o facto de adorar livros. O meu Pai colecciona livros antigos, eu sou diferente. Gosto de literatura, história e filosofia. Não ando à procura de raridades, mas de grande escrita! O tempo fez-me um monstro devorador, não consigo passar um dia sem ler.

Hoje já não compro por impulso. Compro as promoções, os livros de bolso, aquilo que as pessoas que lêem e me são próximas me aconselham. Nada mais. Antigamente quase que contava o dia para que determinado livro chegasse. Com a típica febre de o ter em casa. Estou controlado, consigo esperar as oportunidades.

Falo da feira do livro, falo em promoções que as empresas fazem. Todos os livros têm ciclos. Muitos deles, de repente, são comprados por 5 ou 10€, quando o preço de mercado é 20 ou 25. O tempo ensinou-me a ser paciente.


Tenho muitos livros para ler. Penso sempre numa óptica de futuro. Se morrer novo, alguém fica com eles. Se morrer velho, tenho matéria para continuar a sonhar - por muitos anos. E a escrever sobre eles. É este o meu espaço no Mundo.

Quando era pequeno corria as livrarias da baixa do Porto. Agora, já desapareceram quase todas. A casa da Avó também tinha livros, como a do Pai. A biblioteca no Jardim do Marquês, hoje uma ruína, era o sítio das minhas tardes.

Acho que sou doente. Não podia não o ser.

Existe mesmo a doença dos livros? Ou serei eu um doente sem doença?

4 comentários:

  1. Depois de o ler,temo também sofrer da doença que o atinge!Mas não será a doença dos livros a cura para tantas outras doenças?!
    Tive o privilégio de crescer rodeada de livros e de pessoas que me ensinaram a considerá-los,uma das maravilhas do Mundo.Gosto de pensar quando olho para a minha biblioteca que tenho o mundo ali.Que posso criar outros mundos, outros sonhos, tantos até onde o fascínio me possa levar...
    Se amar os livros é efectivamente uma doença, todos os que os amam padecem de uma doença incurável e cuja única posologia conhecida é aquisição de mais e mais livros!
    Pena que a doença dos livros não seja altamente contagiosa.Se assim fosse, bibliotecas como a do Jardim do Marquês nunca estariam em completo abandono!Que sitio mais maravilhoso para uma biblioteca do que um Jardim rodeado de plátanos?!

    ResponderEliminar
  2. Não digo que tenho doença, digo antes paixão, que me leva a comprar livros para os quais se calhar já não vou ter vida para ler. Digo sempre " Agora vou parar.Só compro o que conseguir ler! " Mentira. Não consigo parar. Mesmo que não tenha tempo para os ler, eles estão por ali. E eu vou olhando, vou pegando, vou mudando de lugar... e também vou lendo.
    É mesmo uma paixão e nasceu comigo. Desde sempre gostei de ler, e muitas vezes deixei ( e deixo ) de comprar outras coisas para gastar o dinheiro em livros.
    E não me arrependo. E sei que vou continuar a ser assim.
    Gosto de livros, que posso eu fazer?...
    Isabel

    ResponderEliminar
  3. Temos de construir um hospital para todos estes doentes - nós! -que juram que não tornam a cair no mesmo erro - erro esse que aumenta significativamente os sintomas da doença - o de voltar a comprar livros sem primeiro acabar com as leituras lá de casa...
    E que tal um hospital forrado de livros? Seria um sítio bem alegre, não?
    Boas e fartas leituras!
    http://otempoentreosmeuslivros.blogspot.com

    ResponderEliminar
  4. Eu fiquei inspirada com o teu texto e escrevi o meu... A livritoniti, conhecida como a doença por livros


    Se você, assim como eu, que gosta muito (mas muito) de livros, preste atenção. Eis que surge uma nova doença! A doença por livros... E como ela se chama? Bom, eu gosto de chamar de livritoniti, que se parece com o nome de um remédio...
    Tudo começa quando alguém lhe oferece um livro: inocente, cheios de páginas e com diferentes cores. Você deve tomar muito cuidado, por que os livros apresentam um mundo novo e maravilhoso e são altamente viciantes.
    Dizem que depois da primeira leitura, é muito difícil de lagar esse vício... Mas vamos aos sintomas.
    Uma das primeiras percepções que se sente é que os livros são parte de sua vida. Você começou a ler cedo ou tarde, tanto faz, o importante é que nesse momento, você percebe que não pode mais dormir sem um livro ao seu lado! CUIDADO! Esse é o primeiro de muitos dos sintomas característicos dessa doença
    Além disso, sabe aquela sensação de chegar a uma livraria e/ou biblioteca e se sentir em casa? Esse é um sintoma grave. Mais grave é ter pensamentos do tipo: “eu poderia morar aqui”, “Como eu quero comprar todos esses livros!” ou “eu preciso muito de livros novos”. Esses tipos de pensamentos estão presentes nos doentes que sofrem de livritoniti.
    Falando em querer comprar todos os livros, a compulsão é um sintoma que se apresenta quase na fase final da doença. E não adianta acreditar quando você diz “eu só comprarei mais livros quando terminar de ler os que eu tenho”, porque é mentira. Você vai seguir comprando e comprando cada vez mais.
    Por causa disso eis outro sintoma: a falta de espaço. É isso mesmo, seu quarto, a sala e até mesmo a cozinha começam a apresentar pouco espaço físico para os seus livros e, quando você perceber, será tarde de mais. Sua casa será tomada por eles de forma rápida!
    Existem outros sintomas. Há quem goste de ler na rua, em um quarto, deitado ou em pé. Há também aqueles que colecionam, que gostam de livros antigos ou daqueles livros esquecidos que ninguém quer ler. E os livros são tão envolventes que eles se multiplicam rapidamente e em diversos gêneros literários, atraindo a todos (as).
    E não satisfeito de ser um doente por livros, você vai querer adoecer outras pessoas com esse vício... Esse é o último nível dessa doença. Vai oferecer, falar sobre, mas nunca emprestará seus próprios livros. Quase me esqueci de outro sintoma: o egoísmo. Você será tão ligado aos seus livros que não emprestará a ninguém com o medo de perder o seu precioso infinito particular.
    Então, você que pensava ser um doente sem doença, eis que surge a livritoniti! Mas, é claro que, em cada caso pode haver sintomas diferentes.
    Se você se identificou com algum desses sintomas, não fique aflito! Essa é uma doença que serve como cura para tantas outras doenças, como, por exemplo, a ignorância e a falta de sonhos.

    ResponderEliminar