quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Fernando Távora

«... projectar, planear, desenhar, não deverão traduzir-se para o arquitecto na criação de formas vazias de sentido, impostas por capricho da moda ou por capricho de qualquer outra natureza. As formas que ele criará deverão resultar, antes, de um equilíbrio sábio entre a sua visão pessoal e a circunstância que o envolve e para tanto deverá ele conhecê-la intensamente, tão intensamente que conhecer e ser se confundem...»

Palavras do mestre arquitecto. Fernando Luís Cardoso de Meneses e Tavares de Távora nasceu no Porto em 1923. Filho do meu bisavô José, sendo, portanto, irmão do meu avô - Bernardo Ferrão de Tavares e Távora (seu irmão mais velho).


Se, por pura infelicidade, não conheci o meu avô; com o Tio Fernando Távora vivi 22 anos mais ou menos por perto. As poucas conversas que tive foram sempre de um nível bastante elevado. Falo de um homem extremamente culto e muitos anos à frente do seu país.

As inúmeras obras que deixou ainda são uma referência de vanguarda na arquitectura. Távora fundou a 'Escola do Porto'. "Introduziu a partir dos anos 50, uma reflexão que não existia em Portugal, sobre o papel social da arquitectura, em oposição às realizações e aos discursos oficiais da época, a arquitectura contemporânea. Como criador de uma nova lógica de construção, prestou sempre atenção às paisagens originais, utilizando-as como dados culturais que devem ser integrados no diálogo com a construção final." Teve como alunos Siza Viera e Souto Moura.


Fundou a Escola de Belas Artes do Porto - mais tarde originou a Faculdade de Arquitectura do Porto - e o curso de Arquitectura em Coimbra.

"Na área da conservação do património deixou trabalhos inigualáveis, como a recuperação do Convento de Santa Marinha da Costa e sua transformação em Pousada (1975-1984) e a redescoberta e reabilitação do Centro Histórico de Guimarães (1985-1992), classificado como Património da Humanidade pela UNESCO em 2001; o projecto de remodelação e expansão do Museu Nacional de Soares dos Reis (1988-2001) e o restauro exemplar do Palácio do Freixo e áreas envolventes, no Porto (1996-2003)."

'Ficou a obra de um dos maiores vultos da Arquitectura Contemporânea Portuguesa, fundador e mestre da "escola do Porto", que precocemente reconheceu talento no aluno Álvaro Siza e soube, como ninguém, fazer a síntese entre a arquitectura tradicional nacional, marcante na sua obra dos anos 50 e 60, e a arquitectura moderna internacional, bem presente nos seus projectos dos anos 80 e 90 do século XX. É um autor da continuidade, avesso a rupturas, para quem uma obra arquitectónica tem de ser entendida no contexto do ambiente envolvente.
Como o próprio dizia, "eu sou a arquitectura portuguesa".'


Hoje deixo-vos alguns dos seus livros. Vale a pena... E a minha memória...

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