Este livro é um hino aos Açores. Mais etnográfico do que romanceado (a meu ver), 'A mulher de Porto Pim' acompanha a vida dos últimos baleeiros e de todas as tradições ligadas à caça da Baleia: fonte de subsistência, motor de economia local e motivo de procissão.
É uma história de corajosos aventureiros no mar e de tradições. Tabucchi tem o condão de nos encantar com descrições bem detalhadas do esforço destes homens numa pesca cruel.
Deixo-vos umas palavras que transcrevo. Boas leituras!
Uma baleia vê os homens
"Sempre tão atarefados, e com longas barbatanas que agitam com frequência. E como são pouco redondos, sem a majestosidade das formas acabadas e suficientes, mas com uma pequena cabeça móvel onde parece concentrar-se toda a sua estranha vida. Chegam deslizando sobre o mar mas não nadam, quase como se fossem pássaros, e infligem a morte com fragilidade e graciosa ferocidade. Permanecem longo tempo em silêncio, mas depois entre eles gritam com fúria repentina, com um amontoado de sons que quase não varia e aos quais falta a perfeição dos nossos sons essenciais: chamamento, amor, pranto de luto."
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